quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Nelson Mandela 1918-2013



















Faleceu hoje, 5 de Dezembro de 2013, o herói da África do Sul, Nelson Mandela, ícone da democracia sul africana. Um homem inspirador: opositor do Apartheid, líder democrático e protector acérrimo dos direitos humanos.

Sem grandes palavras: uma perda insubstituível.

Deixo-vos o excelente discurso que marca o ponto de viragem na vida democrática do povo sul africano.


Nelson Mandela
Pretória
10 de Maio de 1994

"Chegou o momento de construir"

Hoje, através da nossa presença aqui e das celebrações que têm lugar noutras partes do nosso país e do mundo, conferimos glória e esperança à liberdade recém-conquistada.
Da experiência de um extraordinário desastre humano que durou demais, deve nascer uma sociedade da qual toda a humanidade se orgulhará.
Os nossos comportamentos diários como sul-africanos comuns devem dar azo a uma realidade sul-africana que reforce a crença da humanidade na justiça, fortaleça a sua confiança na nobreza da alma humana e alente as nossas esperanças de uma vida gloriosa para todos.
Devemos tudo isto a nós próprios e aos povos do mundo, hoje aqui tão bem representados.
Sem a menor hesitação, digo aos meus compatriotas que cada um de nós está tão intimamente enraizado no solo deste belo país como estão as célebres jacarandás de Pretória e as mimosas dobushveld.
De cada vez que tocamos no solo desta terra, experimentamos uma sensação de renovação pessoal. O clima da nação muda com as estações.
Uma sensação de alegria e euforia comove-nos quando a erva se torna verde e as flores desabrocham.
Esta união espiritual e física que partilhamos com esta pátria comum explica a profunda dor que trazíamos no nosso coração quando víamos o nosso país despedaçar-se num terrível conflito, quando o víamos desprezado, proscrito e isolado pelos povos do mundo, precisamente por se ter tornado a sede universal da perniciosa ideologia e prática do racismo e da opressão racial.
Nós, o povo sul-africano, sentimo-nos realizados pelo facto de a humanidade nos ter de novo acolhido no seu seio; por nós, proscritos até há pouco tempo, termos recebido hoje o privilégio de acolhermos as nações do mundo no nosso próprio território.
Agradecemos a todos os nossos distintos convidados internacionais por terem vindo tomar posse, juntamente com o nosso povo, daquilo que é, afinal, uma vitória comum pela justiça, pela paz e pela dignidade humana.
Acreditamos que continuarão a apoiar-nos à medida que enfrentarmos os desafios da construção da paz, da prosperidade, da democracia e da erradicação do sexismo e do racismo.
Apreciamos sinceramente o papel desempenhado pelas massas do nosso povo e pelos líderes das suas organizações democráticas políticas, religiosas, femininas, de juventude, profissionais, tradicionais e outras para conseguir este desenlace. O meu segundo vice-presidente o distinto F.W. de Klerk, é um dos mais eminentes.
Também gostaríamos de prestar homenagem às nossas forças de segurança, a todas as suas patentes, pelo destacado papel que desempenharam para garantir as nossas primeiras eleições democráticas e a transição para a democracia, protegendo-nos das forças sanguinárias que ainda se recusam a ver a luz.
Chegou o momento de sarar as feridas.
Chegou o momento de transpor os abismos que nos dividem.
Chegou o momento de construir.
Conseguimos finalmente a nossa emancipação política. Comprometemo-nos a libertar todo o nosso povo do continuado cativeiro da pobreza, das privações, do sofrimento, da discriminação sexual e de quaisquer outras.
Conseguimos dar os últimos passos em direcção à liberdade em condições de paz relativa. Comprometemo-nos a construir uma paz completa, justa e duradoura.
Triunfámos no nosso intento de implantar a esperança no coração de milhões de compatriotas. Assumimos o compromisso de construir uma sociedade na qual todos os sul-africanos, quer sejam negros ou brancos, possam caminhar de cabeça erguida, sem receios no coração, certos do seu inalienável direito a dignidade humana: uma nação arco-íris, em paz consigo própria e com o mundo.
Como símbolo do seu compromisso de renovar o nosso país, o novo governo provisório de Unidade Nacional abordará, com maior urgência, a questão da amnistia para várias categorias de pessoas que se encontram actualmente a cumprir penas de prisão.
Dedicamos o dia de hoje a todos os heróis e heroínas deste país e do resto do mundo que se sacrificaram de diversas formas e deram as suas vidas para que nós pudéssemos ser livres.
Os seus sonhos tornaram-se realidade. A sua recompensa é a liberdade.
Sinto-me simultaneamente humilde e elevado pela honra e privilégio que o povo da África do Sul me conferiu ao eleger-me primeiro Presidente de um governo unido, democrático, não racista e não sexista.
Mesmo assim, temos consciência de que o caminho para a liberdade não é fácil.
Sabemos muito bem que nenhum de nós pode ser bem-sucedido agindo sozinho.
Por conseguinte, temos que agir em conjunto, como um povo unido, pela reconciliação nacional, pela construção da nação, pelo nascimento de um novo mundo.
Que haja justiça para todos.
Que haja pás para todos.
Que haja trabalho, pão, água e sal para todos.
Que cada um de nós saiba que o seu corpo, a sua mente e a sua alma foram libertados para se realizarem.
Nunca, nunca e nunca mais voltará esta maravilhosa terra a experimentar a opressão de uns sobre os outros, nem a sofre a humilhação de ser a escória do mundo.
Que reine a liberdade.
O sol nunca se porá sobre um tão glorioso feito humano.
Que Deus abençoe África!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Jovens emigrantes, voltem à «ditadura do literado»

A piada do dia vem directamente da boca do primeiro ministro português. Com afirmações dignas de um site de comédia, Passos Coelho fez um discurso de fazer os jovens morrer de tanto rir.

O primeiro ministro, Passos Coelho, afirmou hoje que os jovens são a peça-chave para o fim da crise portuguesa. Segundo o chefe do executivo, o governo "deposita nesta geração tão qualificada uma grande esperança para que as transformações no tecido social e económico que precisamos de fazer possam ser mais profundas do que aquelas que fizemos no passado".

Não deixa de ser irónico que o mesmo homem que há cerca de dois anos mandou os jovens emigrarem venha agora afirmar que os mesmos são a esperança para um país cada vez mais decadente em termos económicos.

É bom saber que o primeiro ministro reconhece as qualificações e competências desta nova geração que quis entrar no mercado de trabalho e se viu obrigado a emigrar por não ter condições para desempenhar a actividade profissional que estudou, nem uma outra qualquer. De qualquer forma, esse reconhecimento em nada altera as realidades profissionais dos jovens portugueses.

Passos Coelho afirma ainda que "as gerações mais jovens sabem hoje que, para poderem alcançar os mesmos níveis de realização e de prosperidade que os seus pais e avós, terão de se esforçar muito mais". Ninguém tem dúvidas disso. Para os que emigraram, essa conversa não faz qualquer sentido neste momento.

O discurso ocorreu na cerimónia da entrega dos prémios do Instituto Português de Juventude e Desporto a associações juvenis, no Palácio Foz, em Lisboa. "É natural que os mais jovens sintam uma angústia maior perante as actuais circunstâncias do país". 

Angústia não será a palavra indicada. No meu caso, diria mesmo tristeza pois um país riquíssimo em cultura, turismo, gastronomia, recursos naturais, etc... é uma lástima que se tenha deixado chegar a este estado. Portugal parece um país de terceiro mundo. Os jovens que emigraram e encontraram novos países onde desenvolver as suas actividades profissionais e onde já começaram a estabelecer uma nova vida, não pensam em voltar tão cedo. As oportunidades no estrangeiro não se comparam àquilo que o nosso país pode oferecer aos próprios jovens. 

Mas ainda assim, sr. primeiro ministro, diga lá de sua justiça então, e demonstre com exemplos práticos em que é que a "geração qualificada" pode ajudar(?), se é a "geração pós 25 de abril", que também estudou e passou por diversas dificuldades democrática, que está no poder e nada soube fazer para evitar todo o tipo de crises pelas quais o nosso país atravessa.

E já agora, como breve referência, celebra-se hoje, 1 de Dezembro, 343 anos da proclamação da independência face a Espanha. Um dia passado em branco, que deixou de ser feriado para que se evitasse as pontes da função pública e não se perdesse produtividade nacional. Sr. primeiro ministro, cuja sabedoria é possível verificar no certificado de licenciatura que possui, considera mesmo que os jovens emigrantes, que conhecem agora novas realidades e novas políticas sociais, voltariam para um Portugal mergulhado numa «ditadura do literado»?


Experiências e estatísticas nas redes




Actualmente, os autores de blogs de opinião conjugam as suas mensagens publicadas com posts nas redes sociais. Além de chegar a um número maior de leitores, os interessados podem até comentar e dar as suas opiniões. Deste modo, apostei numa página de facebook para partilhar os conteúdos que vou escrevendo no meu blog. Pareceu-me interessante dar a conhecer algumas informações e pensamentos a um público que nem sempre partilha da mesma opinião. O debate de ideias é algo que me seduz. Parti, então, para um género de um debate para testar as funcionalidades da minha página, obter novos comentários e poder, ao mesmo tempo, analisar as reacções deste meu público no blog, perante o número de visualizações que fui recebendo com este pequeno teste.


Assim sendo, nos passados dias 21 e 22 de Novembro, coloquei uma série de questões na página de facebook do blog I Am Your Leader.

  • Questão 1: Merkel vai estabelecer ordenado mínimo na Alemanha. Fala-se num montante, ainda não oficial, de 8.50€ à hora. O que pensa sobre isto? 
  • Questão 2: O Google Maps é um serviço de pesquisa que permite o acesso a imagens de satélite de todo o planeta via web. Como utilizador, quais são os pontos positivos e/ou negativos deste serviço?
  • Questão 3: O governo português quer proibir o consumo de tabaco em todos os estabelecimentos públicos. Qual é a sua opinião sobre esta medida?
  • Questão 4: O Natal está a chegar, mas a crise mantém-se. Na sua opinião, como podem os portugueses contornar as dificuldades económicas na época natalícia?
  • Questão 5: A igualdade de tratamento no local de trabalho é um direito de todos os trabalhadores. Embora situações de discriminação (quanto à idade, sexo, orientação sexual, estado civil, raça, religião, convicção ideológica, ...) aconteçam diariamente, a maior parte não chega a ser denunciada. Directa ou indirectamente, as práticas discriminatórias são puníveis por lei. Na sua opinião, considera Portugal como um país que zela pela igualdade de tratamento?
  • Questão 6: No desporto profissional, a decisão final de uma situação polémica em campo cabe sempre ao árbitro principal e seus assistentes. Porém, muitos são os casos em que a posição da arbitragem não permite visualizar o lance em pormenor. Considera que as imagens televisivas deveriam ser utilizadas para anular decisões erróneas?

As perguntas, conforme podem confirmar, tiveram como base questões da actualidade.


A reter desta experiência: O resultado foi positivo. Embora não tenha tido muita afluência de comentários, as questões acima mencionadas obtiveram um nível elevadíssimo de visualizações. O facto das visualizações não se terem convertido em "vontade de opinar" já consiste num outro patamar que devo analisar e saber dominar melhor para a próxima iniciativa.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

(i)Legalização da prostituição na Europa

  Prostituição legalizada e regularizada
  Prostituição (a troca de sexo por dinheiro) legalizada, mas bordéis são ilegais, prostituição não regulamentada
  Prostituição ilegal
  Sem dados

Infografia por: Wikipédia



























O debate sobre a legalização da prostituição não é fácil. Por um lado, os conservadores repudiam a ideia de comercializar o corpo e vender o sexo. Por outro, os mais progressistas defendem a regularização da prática sexual, permitindo aos trabalhadores do sexo o direito ao desemprego e outros benefícios fiscais.

Na Europa, são oito os países que já legalizaram a profissão: Holanda, Alemanha, Áustria, Grécia, Turquia, Hungria e Letónia.

Contudo, um estudo realizado na Alemanha demonstra que a realidade está longe do pretendido. A legalização não está a sortir o efeito pretendido: a maior parte destes profissionais, nos países onde a prostituição é legal, não frequenta os serviços de saúde regularmente, nem regista se para benefícios sociais. Aliás, na Alemanha, segundo afirma Alice Schwazer no livro "Prostituição, um escândalo alemão", «entre 65% a 80% das prostitutas não são alemãs», o que põe em causa a legalidade da venda de serviços sexuais para com as mulheres de leste e países vizinhos. A feminista refere ainda que o país alemão se tornou, assim, no melhor «sistema de exploração sexual destas mulheres, sendo um crime organizado e conhecido por todo o mundo".

Em Portugal, a prostituição não é ilegal. Porém, consiste numa actividade profissional não regulamentada por lei. Já os bordéis além de não autorizados, são ilegais e puníveis por lei. Quanto às casas de alterne, situam-se no limbo das situações anteriores: legais, mas sem existência da prática de sexo a troco de dinheiro.

A prostituição consiste na profissão mais antiga do mundo. As questões morais não têm permitido a legalização desta actividade no nosso país. Seria um escândalo. Contudo, toda a gente sabe que existe e sempre vai existir. E toda a gente sabe onde encontrar estes serviços ao mais baixo preço do mercado sexual. Por necessidade ou aptidão, são profissionais como outros quaisquer. Então porque não permitir melhores condições e dignidade a esta actividade profissional?

Um artigo sobre CR7

Depois de dizer que não várias vezes, fui influenciada pela minha mãe a escrever um artigo sobre Cristiano Ronaldo. Embora seja o assunto do momento, não previa de forma alguma escrever sobre isto.

O que dizer? Sinceramente, não tenho nada a acrescentar. Portugal venceu o play-off frente à Suécia, para o acesso ao Mundial2014 no Brasil, com mérito próprio. Cristiano foi o autor dos 3 golos portugueses e o herói da partida. Para mim, um ponto final assentava bem logo aqui.

Contudo, a glorificação que fazem a este jogador é demasiada na minha opinião. E aqui entro em confronto de ideias com a maior parte dos portugueses, inclusive a minha mãe. É um exagero afirmar que Ronaldo é o melhor do mundo quando ele não é. E irrita-me solenemente que, os mesmos que disseram que ele não valia nada na selecção, agora venham gritar ao mundo o quanto ele é bom. Não. Não concordo com isso e com nada. Teve uma boa prestação no jogo, posso afirmar até que foi dos melhores (ou até o melhor por ter concretizado os golos), mas de forma alguma o número de golos conta exclusivamente para o destacar como o melhor do mundo.

Aliás, é caso para dizer: Ronaldo, finalmente acordaste para a selecção! É que de todas as exibições do jogador com a camisola da selecção, esta deve ter sido a melhor de sempre. E acho muito bem que honre o seu país, não é só mostrar os dentes nas fotografias das jornadas espanholas.

Parabéns à selecção! Parabéns a Ronaldo! Parabéns a toda a equipa portuguesa e respectivos técnicos, treinador e adeptos! Mas não há aqui congratulações a respeito do melhor do mundo. Longe disso. O melhor do mundo não se mede por um jogo. O melhor do mundo não jogou hoje, nem neste encontro bastante interessante. O melhor do mundo encontra-se lesionado, mas nem essa lesão é suficiente para apagar toda uma temporada de grandes feitos. O melhor jogador do mundo é Messi, e o resto são cantigas.

Feliz Dia Mundial da Casa de Banho

Não é brincadeira, o Dia Mundial da Casa de Banho existe mesmo. Foi votado unanimemente pela Assembleia Geral das Nações Unidas e celebra-se a 19 de Novembro.

Segundo a UNICEF, a data visa alertar mundialmente não só para um uso seguro e higiénico das casas de banho, como também para relembrar que em pleno século XXI ainda existem largos números de pessoas que não possuem instalações sanitárias em casa e têm de defecar a céu aberto.

Feitas as contas, a organização afirma que 36% da população mundial não possui uma casa de banho, o que põe em risco a saúde e dignidade do próprio ser humano. Em alguns cantos do mundo, o progresso ainda não foi o suficiente para garantir este direito básico às populações, o que é uma grande vergonha.

Outro dado bastante preocupante consiste nas 1600 mortes infantis que ocorrem diariamente devido a diarreias provocadas pela falta de condições sanitárias - o que seria fácil de contrariar, conforme afirma a UNICEF, se existisse um maior controlo de higiene pessoal, utilização de águas tratadas e sanitas devidamente limpas e desinfectadas.

A existência de um dia programado para a consciencialização sanitária não é, deste modo, algo descabido. Trata-se de uma realidade bastante incómoda mas que consiste num problema gravíssimo. Impera, então, que exista esta consciencialização à escala mundial de forma a que casos destes sejam denunciados, ajudados e ultrapassados.


Sensibilizado com estes dados? Siga os desenvolvimentos desta causa através das redes sociais Facebook e Twitter, com a hashtag #Toilets4All

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Contextualizando a mudança de Cyrus



Desde há uns meses para cá, Miley Cyrus tem sido o centro das atenções, não só dos media, como também de todas as pessoas que tem acesso à internet. Sejam directa ou indirectamente publicados os juízos de valor sobre a cantora americana, a verdade é que todos temos uma opinião sobre o que se tem vindo a passar com a carreira e, até mesmo, com a vida pessoal desta rapariga, pois diariamente somos confrontados com novas imagens e críticas ao estilo de vida da mesma nas redes sociais.



Biografia:
Miley Cyrus nasceu em Nashville, no ano de 1992. Iniciou carreira de actriz aos 9 anos e aos 14 tornou-se internacionalmente conhecida através do seu papel principal na série Hannah Montana, da Disney Channel.
Entretanto, Miley lançou-se na música e já conta com quatro discos de originais: Meet Miley Cyrus (2007), Breakout (2008), Can't be tamed (2010) e Bangerz (2013).

Críticas:
Hannah Montana, figura principal da série para crianças e adolescentes com o mesmo nome, ditou a fama para Miley. Na ficção, Miley Stewart lutava pelo "melhor dos dois mundos": entre a fama de artista e o sossego de uma vida normal.
Os anos foram passando e Miley (da vida real) Cyrus foi crescendo. A personagem a que deu corpo continuava a passar nas televisões americanas e de todo o mundo, mas Miley já estava quase na idade adulta. O vínculo que a sua personagem criou com a Disney (na ficção), de menina de programa, doce, extrovertida, não lhe permitia psicologicamente (na vida real) comportar-se como uma adulta, mais crescida, mais atrevida, sem inocência.
Não somos novos nisto. Já conheciamos Britney Spears com um historial bastante parecido. A diferença é que Miley Cyrus insurgiu-se contra a imagem que passou através da Disney e, agora, quer mostrar ao mundo que já não é mais uma criança, mas sim uma mulher de atitude e desinibida.
Para se distanciar da antiga imagem, a cantora resolveu apostar em canções, videoclips e indumentárias inovadoras, ou melhor, provocadoras.
Com sucesso, a indústria musical reconhece-lhe o mérito da mudança - sem, porém, haver consenso no positivismo ou negativismo desta nova imagem.

A minha opinião:
Sem dúvida, Miley Cyrus tem o talento: boa voz, boa presença em palco, boa atitude e boa interacção com os fans. Actualmente, como ídolo de muitas jovens adultas e adolescentes, tem particular importância na forma de agir, de falar, de pensar e de vestir - a fazer jus ao conceito de ídolo.
As críticas que chegam todos os dias por intermédio dos seus concertos e aparições públicas, das suas publicações pessoais nas redes sociais e artigos dos media revelam que o comportamento de Cyrus ultrapassa o aceitável de um artista. As roupas transparentes, as fotos e gestos ousados da cantora contribuem propositadamente para essa nova imagem que a própria Miley pretende criar.
Sem dramas, Miley pretende apenas desvincular-se da imagem de menina. Quer mostrar-se ao mundo como dona de si: dos seus pensamentos, da sua carreira, do seu corpo. Tudo bem, e penso que ninguém se pode, ou consegue, opor a isso.
Apenas me pergunto no que será que os jovens, que acompanharam Hannah Montana, pensam agora sobre tudo isto? Todos eles também cresceram e, de certo, também mudaram. Para melhor ou para pior todos mudam. Mas o peso que a fama e a independência têm na balança de uma vida real podem fazer a diferença. Todos os olhos estão postos em cada movimento das estrelas.
Na minha opinião, Miley representa apenas uma legião de jovens com comportamentos, desejos e aspirações semelhantes. Ou será que minto quando afirmo que grande parte dos jovens consiste numa fotocópia das letras escritas por Cyrus e dos videoclips que a mesma interpreta? Não me considero a favor nem contra, a carreira é dela e acho que tem tido sucesso. Só acho que devíamos, antes de criticar, procurar observar ao nosso redor os comportamentos alheios e entender que, não só os tempos mudaram, como também mudaram as vontades e os estilos de vida.
Um pouco de rebeldia não faz mal a ninguém. Contudo, considero que a artista explora demais a imagem do seu corpo e abusa no consumo de drogas, a que a própria apelida de "sociais" (pastilhas e aditivos), e quase que punha as mãos no fogo em como um dia ela se vai arrepender disso. Como referiu Sinead O'connor, a indústria aproveita-se da fama de Miley Cyrus e vai explorando-a, mas psicologicamente ser-lhe-á difícil deixar esse estilo de vida. A própria já admite que se sente sozinha no mundo. Mas eu acho que ainda vai a tempo de redefinir os seus horizontes pessoais e enquanto artista, basta querer. Não são necessárias todas essas extravagâncias para se impr na música quando se tem talento.

Resumindo:
Go Miley, but be carefull. Keep your dream alive.

domingo, 3 de novembro de 2013

Terra: o planeta dos pinguins, cerveja, terroristas e ouro



Hoje vou fazer-vos uma visita guiada pelo planeta Terra. Cada país deste planeta azul é conhecido por produzir determinadas coisas, pensar de certa forma, gostar de fazer isto ou comer aquilo... Mas, mais especificamente, no que é que prevalece o pensamento geral quando se ouve falar de determinada nação?

Tudo começa no hemisfério sul do planeta onde, como todos sabemos, fica o Império do Pinguins. Estes dominam toda a região gélida do pólo sul.

Já no continente americano tudo é muito diferente. Entre o impacto de asteróides e ovnis, homicídios, psicopatas, territórios florestais, chuvas tropicais, drogas, rainhas da beleza e os melhores jogadores de futebol, é só escolher o que de melhor se produz na América.

À procura dos humanos mais altos do nosso planeta? Eu indico. Essa espécie habita nos países da Europa central. Mas não só de alturas que se faz uma Europa, senão também de excelentes graduados e profissionais. Actualmente, é o continente mais virado para o turismo, onde existem as melhores cervejas e onde a velocidade do download e streaming superam os limites dos satélites.

À medida que vamos avançando no mapa, há que ter cuidado com as estratégias de extermínio utilizadas na Ásia: homens-bomba, mísseis, armas nucleares, regimes terroristas e ditaduras militares. Porém, nem tudo é mau, e há muitas coisas para conhecer por terras asiáticas como as pirâmides faraónicas, descobertas arqueológicas e ossadas de dinossauros, e, ainda, os famosos filmes de bollywood. Não esquecer também que o controlo da natalidade, a mão-de-obra infantil e a emissão de CO2 em demasia são os problemas que mais afectam a costa leste deste continente.

E se a natalidade é problema dos países do hemisfério norte, o mesmo não se pode afirmar do sul onde a percentagem dos índices de nascimento batem qualquer escala. Em África, a taxa de mortalidade é extraordinariamente gigante, e deve-se principalmente a uma doença típica dos países africanos: a malária. Sorte das comunidades dos macacos e girafas que estão protegidas contra esse mal. Brilhante conta bancária daqueles que exploram as minas de ouro e diamantes, visto que a iliteracia e desemprego de uns é a mina de fazer dinheiro de outros.

E eis que chegámos ao último continente, mas nem por isso menos importante: a Oceania, onde predominam as caçadas mortíferas aos cangurus e os ataques fatais dos tubarões. É, ainda, dos territórios mais ricos em termos linguísticos e também monetários.


Quem é que fica indiferente a um mundo onde se pré-conceitua e discrimina as maravilhosas vicissitudes de cada terra? Quem é que, no seu perfeito juízo, poderá afirmar que são apenas "ideias feitas"? É que, com olhos de ver, os preconceitos criados à volta destes países acabam por ter, como base, algum fundamento lógico.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Alemanha regista bebés com "sexo indefinido"

A partir do dia 1 de Novembro de 2013, as crianças nascidas na Alemanha têm o direito a ser registadas no B.I. com uma terceira opção: "sexo indefinido". Deste modo, os alemães - onde uma em cada 5000 crianças nasce com sexo indefinido - tornam-se no primeiro país europeu a permitir este tipo de registo.

Em que casos se aplica este direito?
Bebés que nascem com uma genética duvidosa, seja pela dificuldade de distinção entre um sexo e outro, como pela existência de dois sexos.

O que assegura este direito?
Permite que decisões cirúrgicas precipitadas não afectem o futuro das crianças. Mais propriamente, assegura o desenvolvimento da criança em primeiro lugar, sem o constrangimento da remoção de um dos sexos, de forma a que seja possível entender qual dos dois de facto é o que prevalece.

Quais as consequências desta nova lei?
A terceira opção de sexo civil, "sexo indefinido", não tem ainda tempo definido para a sua identificação. Isto coloca problemas a nível jurídico, uma vez que, sem tempo limite de identificação legislado, casamentos e uniões de facto podem tornar-se ambíguas.


Por terras lusas, a terceira opção é bastante considerada por geneticistas, académicos e algumas vozes de esquerda. Contudo, sem peso nem força visíveis para tornar (a necessidade de rotular) casos de sexo "não definido" como uma realidade das certidões de nascimento em Portugal.

Será esta nova lei do "sexo indefinido" uma abertura para as restantes mentalidades europeias ou apenas mais um rótulo legal para a necessidade de definir um resultado entre o sexo externo, psicológico e hormonal?

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Alienação do Zé pelos media

O Diário de Notícias publicou um artigo, no passado dia 27/10/13, sobre a proximidade dos fascismos e as democracias actuais. Sustentado por opiniões da historiadora portuguesa Irene Pimentel, o jornal escreve que determinadas excepções no sector da segurança torna perigoso o acesso e domínio das novas tecnologias.

"Estamos em transformação, sem quase darmos por isso, de uma democracia para ditaduras. Por exemplo, hoje em dia, não é preciso na Europa, ou em Portugal, instaurar a censura tal como ela existia na ditadura. Basta controlar os «mass media», pôr os jornalistas a ganharem pouco, a estarem disponíveis para tudo, etc, e, de repente, temos um pensamento único, sob a capa da pluralidade", refere Irene Pimentel no DN, (link directo: Mundo caminha para ditaduras apoiadas nas tecnologias)

É só pensar um pouco. Qualquer trabalhador por conta de outrem sabe que as suas funções estão confinadas a um objectivo comum da empresa para a qual trabalha. As suas opiniões podem ser válidas, bastante úteis até, mas não vão ter o mesmo peso que a opinião dos seus directores. A balança pende para o lado que pesa mais. 

E os jornalistas não são diferentes. Os detentores dos media não permitem um trabalho jornalístico fora do seu contexto ideológico pessoal. Profissionalmente, a imparcialidade deve ser praticada 'no matter what'. Mas todos sabem que é uma tarefa impossível e que a realidade das notícias que chegam até à nossa casa não é mais do que uma sopa de legumes passada. Tão bem passada, que escorrega pelo esófago sem primeiro mastigar. Assim como as notícias, em que o consumo não é digerido, nem questionado: é simplesmente engolido. 

Alienar pessoas torna-se então a tarefa mais fácil de mundo e as opiniões mantêm-se unânimes. Posto isto, a influência estabelecida permite dar frutos a curto, médio e longo prazo. Formatar pensamentos é um aliado daqueles que não permitem o pluralismo: um aliado dos amigos das censuras, das ditaduras e dos fascismos. 

"Quando estamos a fazer excepções em democracia, estamos a dar cabo dela", adverte Irene Pimentel. E adverte bem. Imparcialidade tornou-se excepção quando deveria ser permanente. Interesses políticos, económicos e sociais sustentados por intermédio dos media intensificam a mensagem a espalhar, são transmitidos em grande massa e o mundo passa a raciocinar e a agir de igual forma. Da forma que os grandes querem e desejam que os seus cidadãos ajam.

Fica a pergunta: É este o futuro que queremos para as nossas democracias?

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A vida continua

Hoje gostava de partilhar convosco um trabalho fotográfico que me tocou pessoalmente.



Trata-se da história de uma mulher com cancro, documentada pela pessoa que esteve sempre ao seu lado: o marido. Este homem registou os melhores e os piores momentos do processo de recuperação e tratamentos desta doença.

As seguintes imagens podem chocar os mais sensíveis.

Link directo: This Guy’s Wife Got Cancer.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Quem assegura os direitos humanos dos ciganos?

Esta semana, os jornais franceses e internacionais dão conta de que uma rapariga com 15 anos, de nome Leonarda, foi detida durante uma visita de estudo da sua escola e, posteriormente, expulsa do país juntamente com a sua família.

Importa então salientar que o crime desta família consiste em serem kosovares de etnia cigana. Em julho de 2010, a lei da repatriação de ciganos pela França deu fim a diversos acampamentos ilegais e o consequente retorno (expulsão) dos mesmos para os seus países de origem. Ainda que muitas vozes internacionais se tenham feito ouvir em relação a este caso, os franceses mantiveram sempre a sua posição. Cidadãos romenos e búlgaros viram o direito de residência desaparecer em questão meses, aquando dos incidentes ocorridos por membros da comunidade cigana (roubos e distúrbios) [ou seja, o chamado "por uns, pagam todos"]. Os mesmos não podem permanecer em território francês mais de 3 meses sem autorização de trabalho e/ou residência, mesmo fazendo parte dos países comunitários da Europa. A ONU tentou intervir na política praticada pelos franceses, incluindo sanções a determinar, sem que no entanto fosse o suficiente para demover os objectivos do governo da altura chefiado por Nicolas Sarkozy.

Perante esta lei, a França apenas afirma que a família havia perdido direito ao asilo francês (a família alegava racismo no país de origem) e a deportação para o Kosovo seria o desfecho inevitável. O problema é que já não bastava a deportação em si, após 5 anos da família residir em França, como os próprios kosovares não gostaram da notícia do retorno e decidiram então violentá-los verbal e fisicamente. Comprovando-se então a veracidade do pedido de ajuda, não ouvido pela França, perante a discriminação racial que a família vinha a sofrer.

Após a expulsão da família, e especificamente da jovem (que fala Francês e estudava numa escola francesa), rapidamente a notícia chegou aos quatro cantos do mundo. Também em França, milhares de estudantes manifestaram-se contra a decisão do governo e a favor do regresso da estudante. Posto isto, Hollande veio a público e em prime time comunicar ao mundo que a França fazia uma excepção para a jovem, para poder continuar os seus estudos, visto esta falar francês. Rapidamente a comunicação social fez chegar a contra-resposta da jovem que afirma não deixar a família e irmãos, nem ter mais pretensões de regressar a um país que os desprezou.

Resumindo, a raiz da política praticada em França actualmente tem origem no preconceito. A favor da discriminação praticada pelos franceses, estão os estados membros da União Europeia que, apesar de se afirmarem contra, nada fizeram ainda para contrariar a expulsão de milhares de ciganos e combater a xenofobia. Fica então a questão no ar... A quem é que, legalmente, se podem dirigir os membros da comunidade cigana para que se faça justiça? Já percebemos que em França não será de certeza.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Falar e escrever bom português (também aplicado ao jornalismo)

Saber ler e escrever é algo fantástico. É como uma janela para o mundo. Quem aprende as regras torna-se num pequeno engenheiro letrário, capaz de interagir com tudo um mundo desconhecido através de uns simples rabiscos.

Há cerca de 100 anos atrás, Portugal era um país analfabeto. Poucos eram os que sabiam ler ou escrever ou as duas coisas. Durante o Estado Novo, a chamada 4ª. classe já contava com um aumento significativo de alunos. Mas foi então que, em meados da década de 70, se pôde notar o desenvolvimento de um novo paradigma na área da educação. "Ir à escola" tornou-se uma obrigação obrigatória e desculpas como "o menino não dá para a escola, por isso foi trabalhar", deixou de ser justificação. E foi essa educação, por via do ensino primário e dos ciclos, que deu as bases da escrita e do conhecimento geral para os adultos do presente que se arrasta.

Contudo, a actual premissa do "todos sabem ler e escrever" é discutível. Saber ler é mais do que juntar as letras e soletrá-las. Saber ler implica compreender, interpretar. Implica um raciocínio do sujeito, nem que se dê apenas por uma fracção de segundo, e sem precisar da noção implícita de que se está a praticar um desenvolvimento de ideias (ou um confronto de significado com informações previamente adquiridas).

Ler um artigo de jornal juntando apenas o som às letras não lhe dá significado nenhum. É o contexto em que são organizadas as palavras que lhe dá o conteúdo informativo. Ainda assim, é o jornalista quem deve aprimorar o discurso narrativo, de forma a ser compreensível e, mais do que isso, transmita todos os factos para que o leitor desenvolva um raciocínio crítico e interprete consoante a sua visão do assunto. Isto é, não ficar apenas pela leitura, mas também meter o cérebro a funcionar.

Mas eis que chegámos ao século XXI. Num curto espaço de tempo, o digital passa a fazer parte do quotidiano e ler e escrever passou a ter um lugar de destaque na agenda pessoal de qualquer cidadão comum. O jornalismo também migrou para o digital e, desde então, nunca tantas bacuradas foram escritas e/ou interpretadas. É fantástico. As notícias estão à beira de um clique e aqueles 2 ou 3 segundos que distanciam o título da notícia por inteiro tornam-se cruciais para uma informação mais segura.

Porém... não existe coisa mais irritante do que o próprio título da notícia estar mal escrito! Um artigo que passa pela revisão do editor não deveria ser publicada com erros ortográficos. Isto porque, esquecendo o editor que nem sempre é achado nesta conversa, um título mal escrito pode dar origem a mal entendidos ou simplesmente tirar a vontade ao leitor de ler efectivamente a notícia.

Não. Não estou a dizer que o digital é o culpado de todos os males.  Mas neste caso específico, o digitalizar «num fast», não consiste num factor positivo. E esse foi exactamente o meu caso, como consumidora de notícias e profissional da área, e também porque não consigo ficar à margem do meu raciocínio crítico.

Resumindo, se os media ainda não entenderam a gravidade da publicação de conteúdos informativos sem revisão, talvez os leitores possam e tenham o dever de se demonstrar contra a deseducação que os meios de comunicação trouxeram ao pobre do ensino. (Isto é, se é que alguém se preocupa com isso...) !



* Este artigo foi escrito ao abrigo do Antigo Acordo Ortográfico, após a visualização da notícia do JN: ""Certificados de língua postuguesa credibilizam ensino"...


sábado, 19 de outubro de 2013

Conscientizar para a formação contínua


Cada vez mais tenho verificado que existe um grande problema na mentalidade de alguns portugueses: o estigma da educação. Encaram as formações dos centros de emprego ou das firmas onde se encontram como uma coisa de miúdos, para perder tempo ou para encher o currículo com uma coisa que não vai servir para nada. Resumindo, não valorizam a aprendizagem como algo que pode servir para a vida.

O que fazer para alterar estes preconceitos e conscientizar para a formação contínua?
É realmente difícil meter na cabeça de uma pessoa que conhecer novas áreas poderá servir para a sua vida, mesmo que a sua profissão esteja longe das aprendizagens em questão. 

É costume estranhar, antes de entranhar (como se diz por aí). A importância da formação está na aprendizagem de novos conhecimentos, que especificamente podem estar ligadas a uma profissão e, ainda, abranger aspectos da vida quotidiana, pessoal e social.

As técnicas profissionais que são ensinadas podem servir muitas vezes para outras situações no dia-a-dia. Um exemplo disso, é a aplicação das técnicas de auto-controlo por um agente policial. Na sua situação profissional, é necessário manter o controlo nas operações que realiza, tal como, posteriormente, precisa saber manter o controlo da sua vida pessoal. Outro exemplo será a aprendizagem das TIC, nomeadamente no domínio das ferramentas do Office. Muitas são as profissões que dependem deste tipo de conhecimento: uma secretária já não lida apenas com telefone e agenda, tal como um pequeno empresário passou a dedicar mais tempo a realizar esquemas e apresentações dos seus novos projectos.

Mas não existe uma mentalidade aberta para mais input. O que destoa neste Portugal de actualmente não é o NÃO (redondo) em resposta a uma oportunidade de obter novos conhecimentos, mas o SIM (mais que bicudo) no «achamento» de que todas as competências necessárias para determinado trabalho já foram anteriormente adquiridas e não existir um esforço em sentido contrário. É uma pena, os portugueses têm muito mais para dar. O problema está em não se aperceberem que a sua inércia não lhes permite alcançar um conhecimento mais útil e sábio profissionalmente e que faça a diferença na sua vida quotidiana.

I Am Your Leader está de regresso

O blogue "I Am Your Leader" está de volta! Após alguns meses de ausência, o projecto que reúne várias opiniões e pensamentos pessoais, regressa ao activo.
Sintam-se livres para visitar o blogue, comentar publicações e sugestionar outras temáticas.

Eu sou a vossa líder, por isso fiquem atentos...


"Ter opiniões é estar vendido a si mesmo. 
Não ter opiniões é existir. 
Ter todas as opiniões é ser poeta". Fernando Pessoa

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Jornalistas espanhóis despedidos por email

Não é uma brincadeira, nem nenhuma informação falsa. O Canal 9, estação de televisão pública de Valência, despediu 843 profissionais via email. Os despedimentos surgem numa altura de profunda crise financeira em Espanha que os meios de comunicação acompanham igualmente. Do processo de despedimento colectivo, apenas 324 postos se vão manter a um prazo desconhecido.

Tal como noticiou o jornal espanhol El Mundo, pelas dez da manhã de sábado, os funcionários da estação televisiva foram apanhados de surpresa quando verificaram a notificação de despedimento por email. Esta situação, além da revolta que gerou perante os trabalhadores do canal, compromete ainda a maioria dos programas, uma vez que os poucos profissionais que ficaram não devem conseguir preencher todas as grelhas de programação. Os funcionários culpam o Partido Popular por este golpe e afirmam estar em causa a essência do serviço público televisivo.

Se isto pega moda em Portugal, não tardará muito que o patronato comece a desenvolver um email modelo de despedimento. A questão que se coloca, além da perca dos postos de trabalho, concentra-se na ética profissional destas questões formais. Um despedimento nunca é um momento fácil, muito menos quando acontece com este avultado grupo de números. Mas receber uma notificação destas por email deve ser uma sensação de desacreditação total de uma empresa para a qual se ofereceu todo o seu trabalho e dedicação. Da mesmas maneira que se exige dos funcionários ética e rigor profissionais, também se deve exigir do patronato. Não deve ser permitido este jogo de desrespeito para com os trabalhadores. Uma decisão destas devia, no mínimo, ser comunicada em plenário com todos os membros envolvidos ou ser comunicada a um porta-voz que posteriormente se reunisse com todos para transmitir essa decisão.

Fica pelo menos o alerta de que situações destas se estão a passar no país vizinho. Esperemos que em Portugal não venham a surgir casos destes.


Ver a notícia no El Mundo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

A Fraude na SIC Premium

A SIC e a SIC Notícias estão a emitir em canal aberto uma Grande Reportagem de quatro episódios sobre a fraude do BPI.

Como não tive oportunidade de assistir ao episódio de hoje, fui consultá-lo posteriormente no site da SIC Notícias. Eis senão quando me deparo com este bloqueio de conteúdo que não me permite ver aquilo que toda a gente viu em horário nobre. Para assistir a esta reportagem tenho de concordar com os Termos e condições do serviço SIC Premium, um serviço onde se podem consultar conteúdos da SIC.



Ok... Porquê o bloqueio de um conteúdo que foi tornado público no próprio canal de televisão? Ah, e nada de histórias sobre propriedade intelectual pois existem formas mais eficazes de impedir a reprodução de cópias ilegais de um video. Este serviço premium, que exige um pagamento transformado em créditos para aceder a determinados conteúdos e programas, já emitidos e visualizados por milhares de pessoas, tem realmente uma verdadeira anatomia de um golpe.

Portanto, quem não aderir a este serviço não vai assistir a estes conteúdos. Ou seja, vai influenciar uma pessoa a assistir à reportagem no horário nobre, primeira transmissão, ou no horário de repetição, no outro canal de notícias. Grande jogo de audiências, diria eu. Mas, embora só tivesse conhecimento deste serviço agora, pelos visto já existe há mais tempo.

À SIC e SIC Notícias, como canais privados, não lhes chegam as receitas publicitárias? Parece-me que se está a estabelecer aqui uma relação um bocado perigosa entre os meios de comunicação privados e os internautas. O financiamento destes conteúdos são então pagos a dobrar: publicidade e telespectador-internauta? Ora, isso não me parece nada sensato, pois apesar de ser efectivamente uma estação televisiva privada, o serviço de venda destes materiais informativos ocorre no seu site informativo público e gratuito. Há, por exemplo, jornais online que adoptaram o sistema (legítimo) de vender artigos, e ao final do dia disponibilizam-nos publicamente. Mas neste caso, privatizar conteúdos informativos que já foram de usufruto público não faz sentido nenhum.

E a ERC não se prenuncia sobre isto?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Superar-se a si mesmo

Hoje partilho convosco um artigo que achei muito interessante, motivador e útil em qualquer etapa da nossa vida.

"O ciclo vicioso da ousadia"


Superar os nossos medos e os nossos sonhos, nem sempre é uma tarefa fácil. Por vezes estamos longe do objectivo e a solução mais fácil parece ser a desistência. Porém, há que reavaliar não só aquilo que queremos como também aquilo que somos, como forma de perceber quais são as etapas que precisam ser alcançadas e ultrapassadas.

Desafiem-se e sejam os vossos próprios lideres.

Vale a pena tentar!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Aguenta com esta, ó Ulrich!

"Se os sem-abrigo aguentam porque é que nós não aguentamos?" - Fernando Ulrich, presidente do BPI

Não fosse esta frase ser totalmente descabida e de um nojo inexplicável, tinha passado despercebida por entre as várias asneiras que o senhor tem dito nos últimos tempos.

É preciso fazer-lhe recordar que estamos em pleno século XXI. Sei que a sua área profissional pertence à economia e às finanças, o que em senso comum lhe chamamos de «números», mas já alguma vez ouviu falar de um documento importantíssimo chamado "Declaração dos Direitos do Homem"? Eu sei que não pertence à área das letras, e que não faz nada o seu género, mas no artigo 2.º desta declaração explicitam-se, muito claramente, direitos que a todo o ser-humano pertencem e que o senhor não se deve ter lembrado (será que alguma vez ouviu falar?) quando literalmente os atropelou na sua intervenção. Pois se não se recorda, passo a citar: "Art. 2.º (...) Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão".

Estará recordado agora? É que propriedade é um direito. Como ousa referir os sem-abrigo como exemplo de equilíbrio para a economia portuguesa? O uso que deu à condição de sem-abrigo deveria ser punida, pois o senhor está a querer colocar todos os cidadãos portugueses na mesma situação, sem um pingo de vergonha, em vez de ajudar com os brutais milhões de lucro que obteve com os juros dos impostos que os portugueses pagaram e pagam todos os dias para que o seu banco estivesse hoje recapitalizado e em alta.

Só pode estar a ter alucinações. Pois eu tenho a solução para o seu problema. Já que não se importa de aguentar a austeridade, sugeria-lhe que realizasse uma espécie de intercâmbio cultural. O primeiro passo poderia começar por dividir o seu mísero salário com todos os sem-abrigos e, em seguida, oferecer-lhes o seu tecto. E para que fosse uma experiência mesmo à séria, passaria a dormir ao relento, ao frio e à chuva, procurando comer pelos latões do lixo da cidade. Parece-me inesquecível, e vejo que está cheio de vontade de se aguentar à bronca. 

Pois força, de certeza que todos o apoiariam. Só não se esqueça de uma coisa ainda mais importante que tudo isto: durante esse intercâmbio pelas ruas de Portugal, aprenda a ser humilde e, sobretudo, a não dizer nem pensar mais asneiras destas. 

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Rainha Beatrix, o príncipe herdeiro, Portugal... alguma coisa aqui não está a fazer sentido.

A rainha Beatrix da Holanda abdicou do trono para o seu filho e príncipe Williem-Alexander, a noite passada, tendo afirmado que estava na hora de "dar lugar às novas gerações" e que tanto o príncipe herdeiro e a nora estão "prontos para assumir essas responsabilidades".

Beatrix dos Países Baixos, assim reconhecida internacionalmente, nasceu em Baarn,  na Holanda, no dia 31 de janeiro de 1938. Foi corada rainha em 1980, após abdicação da mãe, a rainha Juliana, e vai dar coroar como rei o seu filho primogénito a 30 de Abril deste ano, no dia em que se comemora o dia da rainha na Holanda. Ficou também muito conhecida pelas leis pioneiras que tornaram o país holandês como o mais liberal do mundo: a legalização da eutanásia, do aborto, da prostituição, do consumo de drogas leves e do casamento e adopção para casais homossexuais.

Embora os holandeses já esperassem por este comunicado de Beatrix, a renúncia ao trono veio reforçar a ideia de que o novo rei irá representar bem uma nova geração com novos interesses e novas soluções para o país. Além disso, Williem vai ser o primeiro rei da Holanda desde o fim do século XIX.

Os Países Baixos são governados por uma monarquia constitucional independente desde a constituição de 16 de Março de 1815. Como se pode ler na Wikipedia:

"Na linha de sucessão ao trono holandês, existe igualdade de primogenitura. Ao contrário de outras monarquias da época, a Lei Sálica não foi aplicada nos Países Baixos desde a concepção da monarquia em 1814. A Constituição de 1814 estabelece que o filho mais velho do monarca iria sucedê-lo, e caso não existisse filhos, passaria para os irmãos do monarca. Só quando houvesse uma completa falta de homens na família mais próxima, seria a filha mais velha do monarca a lhe suceder. A Constituição de 1887 alterou ligeiramente, para que pudesse também ser incluídas as filhas dos irmão do monarca. Em 1983, os Países Baixos aprovou integralmente a primogenitura linear e igualitária entre os sexos (o filho mais velho é herdeiro)".

Uma interessante maneira de verificar a forma de governar de um povo aqui quase ao lado. Embora não seja adepta das monarquias, seja qual for o sistema que nela se integra, este regime tem sido muito acarinhado pelos holandeses e emigrantes que lá vivem. O que sustenta a minha tese de que o importante, antes de tudo o mais, é saber governar um povo, fazendo-os respeitar as leis do país e dando-lhes o que precisam para serem felizes.

Não me converteria tão facilmente ao facto de trocarmos o Dr. Aníbal Cavaco Silva pelo D. Duarte Pio, duque de Bragança. Ainda que estejam numa linha semelhante, existem grandes diferenças entre um e outro. Contudo, e embora algumas vozes se façam ouvir em contrário, um chefe de estado deveria fazer-se ouvir mais vezes e intervir mais nos assuntos que passam pelas suas mãos. É que em Portugal confundimos muito o sentido de intervir com o ser protagonista ou antagonista. Há quem defenda que o Presidente da República representa apenas mais uma peça ornamental do jogo e, por isso, deve cingir-se às suas funções de árbitro da partida. Embora Cavaco Silva seja o chefe de estado de Portugal com mais vetos políticos da história da nossa república, está longe de representar o povo português. E ainda assim foi o eleito democraticamente pela maioria (discutível).

Beatrix faz 75 anos, Cavaco faz 74. Ambos acompanharam diferentes gerações e diferentes problemas de ordem política, económica e social. Holanda é um pais teve de se refazer do pós-guerra, recriando cidades devastadas pela guerra e libertando-se de estigmas para que os seus habitantes vivessem em liberdade e harmonia. Portugal é um país que se teve de refazer do domínio fascista e que utilizou os apoios financeiros europeus para o seu desenvolvimento a nível de obras públicas, bem como para encher os bolsos a uma classe política e banqueira bem conhecidas.

A diferença está entre os dois regimes políticos das nações que Beatrix e Cavaco representam? Sim e não. Enquanto uns trabalhavam para o progresso do seu país, outros foram destruindo internamente o seu país ao desviar dinheiros públicos até não poder mais, com políticas inapropriadas para o crescimento da economia e a aumentar burocracias que entopem os tribunais. A propagação desse sistema corrupto ao longo dos anos é que originou estas fissuras tão grandes que são, no incomparável (pois um é eleito por sufrágio e outro é eleito hierarquicamente), precisamente comparáveis nestes termos entre sucesso e fracasso, sistema funcional e sistema corrompido. Ou seja, Holanda e Portugal.

Estará na hora de dar lugar às novas gerações? É que em Portugal temos vindo a verificar (impossível de não sentir na pele) com o mandato de Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro português, que as esperanças de Beatrix não funcionaram muito bem connosco ("dar lugar às novas gerações", "prontos para assumir essas responsabilidades"). Estará a Holanda a tomar as rédeas de uma nova fase política inovadora e próspera ou Portugal a dar sinais de incapacidade política, económica e intergeracional?

As vítimas do fogo de artifício e da boate sem alvará

A tragédia que ocorreu na madrugada entre 26 e 27 de janeiro, numa boate nocturna do Brasil, que ditou a morte de mais de 200 pessoas (quase todas estudantes da universidade local), tem sido bastante divulgada pelos meios de comunicação social nacionais e internacionais. O falecimento, por si só, é uma matéria dolorosa e psicologicamente difícil de dirigir. E o acontecimento, por si só, tem contornos únicos que fizeram com que a lei, os media e as sociedades determinassem o debate sobre este assunto como prioritário durante estes dias.

Tudo ocorreu por volta das 2h30 da noite de sábado para domingo. A Boate Kiss constituia o local escolhido para a festa "Agromerados" dos estudantes da Universidade  Federal de Santa Maria, com um cartaz de artistas  bem ao gosto dos universitários. A Gurizada Fandangueira, uma das bandas mais sonantes do cartaz, é conhecida pelos efeitos visuais e pirotécnicos nos seus espectáculos. E tudo indica que foi durante a actuação desta banda que o incêndio que provocou a morte de 232 estudantes deflagrou. Sobreviventes da tragédia referem ter sido após o início do lançamento do fogo de artifício que o tecto começou a incendiar e se propagou pelo resto da sala, bem como o fumo e o pânico dos presentes.

A boate onde tudo aconteceu não tinha licença desde Agosto passado. Estaria, por isso, obrigada por lei a não abrir portas ao público. Porém, isso não aconteceu e a prova de que se consegue contornar a lei está aqui. De Agosto a Janeiro vão cerca de cinco meses de funcionamento ilegal, sem qualquer tipo de problema. Além disso, testemunhos do incêndio dizem ainda que o espaço estaria com sinalética errada, apontando a saída de emergência para as casas-de-banho, ou seja, para o lado errado da única saída existente no espaço. Outros afirmam também que essa única saída esteve bloqueada ao início pelos seguranças, como forma de obrigar os estudantes a fazerem o pagamento antes de abandonarem o local.

A fiscalização dos estabelecimentos nocturnos nem sempre são efectuados e seguidos à letra. O dono da Kiss, no seu depoimento, afirmou que não tinha alvará legal mas que estava em processo de renovação. Ora isto, a ser verdade, precisa ser revisto e analisado aos olhos da lei para que sejam aprovadas responsabilidades. Bem como o facto da utilização de materiais de pirotecnia, pelos membros da banda, em locais públicos fechados.

Não consigo imaginar o caos e o pânico daqueles jovens... O tentar fugir sem saber para onde, o querer sair sem ser permitido, a dificuldade em tentar ter sangre frio e evitar a inalação do fumo, a preocupação de não deixar os seus para trás... E tudo isto multiplicado por cada pessoa que estava presente a fugir para todas as direcções e aos gritos e aos encontrões e... entre mortos e vivos, a tentar lutar pela sua sobrevivência.

O Brasil acordou na manhã seguinte em choque pela notícia. O luto foi decretado, a bandeira ficou a meia-haste e os pais das vítimas, bem como o país, choraram a morte dos jovens universitários que estariam supostamente, e apenas, a divertir-se numa festa.

E é por ser um caso que, ao ser repensado nas mesmíssimas condições num bar/discoteca de Lisboa, e a ter o mesmo desfecho, me preocupa ainda mais. Porque não é impossível e não está longe de um dia vir a acontecer. Somos um povo mais pacífico, até mesmo nas festas. Mas locais públicos fechados há a pontapés, assim como má sinalética e pouca segurança também. É certo que ninguém consegue prever acidentes destes, mas é sempre possível tentar evitar determinadas situações. Um concerto com pirotecnia precisaria de uma segurança ajustada, ou pelos menos, nunca deveria ter sido efectuado num espaço daquelas dimensões e fechado. E não é preciso ser-se muito esperto para perceber o porquê. O resultado ficou à vista.

E de quem é a culpa? Do dono sem alvará, do membro da banda que lançou os foguetes, dos fans da banda que aplaudem estas demonstrações de pirotecnia, da falsa sinalética, dos seguranças que não permitiram a evacuação imediata dos presentes sem antes efectuarem o seu pagamento... Uma coisa é certa, com ou sem culpados definidos, ninguém devolve aqueles que partiram às suas famílias nem consegue retroceder no tempo para evitar a situação. Esperemos é que esta história trágica sirva de lição a muitos estabelecimentos afim de se evitarem males como este ou piores.

domingo, 27 de janeiro de 2013

O dia devia ter 24 horas

Quem inventou o dia com 24 horas não sabia o que estava a fazer. Dividiu 12 horas para o dia, 12 horas para a noite e voilá, está despachado. Eu não sei quem foi o miserável que inventou isto, mas quase que aposto que não pertence à minha geração. Tem sorte por isso, acho que lhe fazia a folha.

Para mim o dia devia ter 24 horas. Não o dia total, mas sim o dia de luz solar. Depois até se podia juntar as 12 horas de luar, o que daria um resultado de 36 horas totais diárias, mas as contas faziam mais sentido deste modo. É que a luz do dia é indispensável para grande parte das actividades que se praticam na rua. E a luz do noite inevitável para que recuperemos o equilíbrio do nosso espírito. Por isso devia-se alterar o esquema das horas dos dias. E já agora o fuso horário também, não vá o mundo acabar um dia destes e depois morremos todos a horas diferentes.

Lá dizia o ditado: "dormir cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer". Se calhar por isso é que não sou lá muito grande, devia ter dado um pouco de atenção aos antigos dizeres. Mas nunca gostei de dormir cedo, o cantar dos passarinhos pela manhã é que me costuma dar sono. É que durante a noite reina uma paz incrível e é quando me surge a inspiração e a vontade de fazer tudo e mais alguma coisa.

O problema é que gosto tanto do dia como gosto da noite. Por isso sou contra as pessoas dormirem à noite como opção preferencial. E é por isso que reclamo mais horas ao nosso dia, para que possa dormir no turno que quiser e ainda me restar tempo para fazer o que tenho a fazer.

Serei a única a pensar desta forma?

sábado, 26 de janeiro de 2013

A manifestação como forma de festejar

A palavra manifestação tem sido cada vez mais utilizada em substituição da palavra protesto, como se de um sinónimo se tratasse. Com as devidas semelhanças e diferenças, esta tarde, ouvi da boca de um jornalista que, se não soubesse que o era, diria muito provavelmente que tinha sido um Ricardo Araújo Pereira, um Nilton ou um Pedro Mexia, uma expressão que parecia mais uma anedota dessas que se consomem e propagam pelas redes sociais, com direito a imagem composta por intervenientes e balões com falas.

Mas não, não era um comediante. Era um repórter da RTP1, em directo, a acompanhar o protesto dos professores, contra o governo e o FMI, que estava a decorrer em Lisboa. Uma manifestação que começou atrasada, para que eles vejam se não é o português que manda aqui. Após ter entrevistado uma docente com 20 anos de exercício profissional, que defendeu o ensino público com unhas e dentes, o jornalista terminou a conversação com uma expressão que devia ficar para a história dos directos dos media portugueses.

Eis o meu espanto quando oiço o jornalista dizer: «Muito obrigada e boa manifestação!».

«Boa manifestação»???! ...

Já todos sabemos que as manifestações sociais, como o próprio nome indica, envolvem pessoas que em comum lutam pelos mesmos direitos, ou em parte semelhantes. Existem muitos cânticos de protesto e palavras de ordem em cartazes e outras palavras menos elegantes proferidas mais alto. Se estão furiosos gritam e choram desalmadamente. Se estão muito entusiasmados, provocam polícias e fazem estragos por onde quer que passam. E se estão apenas para ver o acontecimento e acrescentar mais um número na lista dos presentes, levam as suas bejecas ou uma câmara fotográfica. E quando as manifestações se tornam constantes, muitos travam novos conhecimentos.

De facto, o senhor jornalista até que não disse nenhuma asneira. Em tudo se assemelha a uma festa. E se não fosse o facto de determinadas pessoas já se encontrarem no limite das suas forças, para tentar demonstrar através do seu protesto que já não aguentam tantas medidas estapafúrdias, até tinha tido o seu cunho de graça e de poder de intervenção naquele momento.

Mas não. «Boa manifestação» não é igual a «boa festa» e em jornalismo há que ter cuidado com as expressões que se utilizam. Apesar de ter a sensação de que a professora em questão agradeceu ao jornalista, eu agradeço aos jornalistas que em caso de não saberem o que dizerem, simplesmente não digam nada. Um chavão cunha uma pessoa para a vida inteira e determinadas situações são ridicularizadas com essa expressão. E eu não gostaria que uma acção tão séria como manifestar fosse confundida com o verbo festejar.

«Quanto custa a incultura?»

Ontem estive presente num debate intitulado "Quanto custa a cultura?", com André Gago (actor e escritor) e Pedro Almeida Vieira (escritor e ex-jornalista) como intervenientes, na Casa da Cultura, em Setúbal.

Eis as frases e expressões que apontei no meu bloco para reflectir:
- «Optimização dos rescursos... como se houvesse mercado que faça concorrência ao Estado»;
- «Cultura ornamental»;
- «Construiu-se muita cultura de tijolo»;
- «Subsídios para os artistas não são esmola nenhuma».

«O que é isto da cultura?», questionou-se várias vezes. «E o que é ser artista? São aqueles que fazem umas coisinhas de vez em quando ou aqueles que adoptam esse exercício como profissão?», reflectiu um senhor que assistia ao debate.

Entre questões de fundo, estruturais e políticas, a conclusão que se chegou, no final deste debate, foi que a cultura está completamente desapoiada a todos os níveis. Não existem fundos monetários suficientes para o desenvolvimento das actividades culturais, não existindo por isso forma de as organizações e companhias culturais crescerem e demonstrarem mais do seu trabalho; bem como não existe grande sensibilização para a cultura na área da educação, originando produtos sem consumidores.

A cultura tem sido muito importante para o nosso país nos últimos anos. E nós, portugueses, somos muito conhecidos internacionalmente por isso. A questão é que em Portugal nem conhecemos nem usufruímos dela. Citando André Gago, não passa de uma «cultural ornamental», capitais da cultura e exposições museológicas para inglês ver como somos «ricos» em tradição, mas na prática, a cultura é o ministério que mais sofre cortes atrás de cortes e é quase inexistente nas escolas.

As duas faces da moeda: espectáculo/público. Como referido durante a sessão de debate, os espectáculos que enchem e esgotam salas são as óperas e os pavilhões atlânticos. «Não há dinheiro para ir ao teatro», mesmo quando um bilhete não ultrapassa os 5€. «Mas há pavilhões esgotados para ver dj's, a 100€ mínimos de bilheteira. O que se está a passar aqui? Porque é que a prioridade passa por ver um artista que se pode ouvir todos os dias e não acrescenta nada de novo ao saber e à crítica, e não há sequer a vontade de gastar dinheiro ou perder tempo a assistir a uma peça de teatro? Talvez devêssemos repensar. As políticas culturais (se é que existem algumas) não representam as necessidades (eu diria interesses) do nosso povo. Estas novas gerações, em que por acaso também estou incluída, foram educadas para saber interpretar literatura, pintura, escultura, teatro, cinema... mas não foram incentivados especificamente a ir ver, a ir descobrir por si próprias... Não chegou para despertar o olhar de quase todos.

E de que modo se pode fazer chegar esta sensibilização cultural às gentes mais novas (e às outras gentes também)? As autarquias têm feito um papel madrasto na ausência da mãe, o Estado. Os subsídios que transferem para os agentes culturais locais têm ajudado apenas a sobreviver. Mas muito mal. Tal como foi indicado por alguém naquela sala, a troca de subsídios para aqui e convites de espectáculos para acolá corta a receita dessas pequenas produções, que por vezes mal chega para as suportar. Se o público existente é reduzido, mas os custos de bilheteira já são quase ao preço da chuva, o que falta mais para poder construir um público interessado e diversificado em conhecimento cultural?

Um outro senhor na plateia referia o seguinte: «Nesta guerra da cultura, o artista não tem o público do seu lado. O custo da cultura é a própria vida do artista, o tempo que ele lhe dedica». E eu concordo em parte. Ou melhor, totalmente. O problema é que existem artistas e artistas, e nem todos os artistas estão na disponibilidade de fazer mais pela sua própria profissão. Se todos reconhecemos a profissão de professor, político, pescador, economista, polícia... porque não se reconhece igualmente um artista pintor, actor, escultor, bailarino, escritor?

Na televisão, aqueles que lá passam um dia, são todos muito bonitos, seja qual for a profissão. Mas cá fora, na vida real onde tudo acontece, há muitos a viverem em casa dos pais ou a passarem fome. É uma vergonha que o Estado português não reconheça e apoie os seus. É uma vergonha que profissionais não se juntem solidariamente e se apoiem uns aos outros. E também é uma vergonha que as pessoas não se mobilizem para este tipo de questões, não percebam o que está em causa e nem o que estão a perder com a viabilidade desta crise sociocultural.





quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A febre do ask.fm



Há meses que vejo algumas pessoas a divulgarem nos seus murais de Facebook contas de uma determinada rede social chamada ask.fm.

Pelos comentários feitos nessas partilhas, logo me apercebi que era apenas mais uma daquelas redezinhas sociais para falarem de si próprios, exporem a vida dos outros e fazerem-se de vítimas.

Hoje, pela primeira vez, entrei na dita rede para me abstrair um pouco dos meus preconceitos sobre ela (ou para os acentuar ainda mais). Um perfil, uma pergunta e uma resposta, aliados a uma conta de Facebook, e está o pagode instalado. Não vi nada de interessante, nada que valesse realmente a pena o tempo que perdi a tentar compreender tamanha popularidade.

Juventude perdida... Só discussões, infâmias e ordinarices. Principalmente pela particularidade de se puderem colocar questões anónimas à outra pessoa. Pensei seriamente que os perfis falsos de Hi5, Youtube, Pinterest, Facebook, etc, que sempre circularam pelas redes, que obrigam a abertura de uma conta, conseguissem afastar este fenómeno do anonimato agressivo (pois mesmo utilizando contas falsas, o IP fica registado e a conta pode ser bloqueada). Mas poder simplesmente utilizar a rede sem um registo de conta, em pleno 2012/13 e afins, constitui um retrocesso em termos de identidade e privacidade no mundo das redes sociais.

Pessoalmente, tenho alergia a esse tipo de redes. Embora saibamos que a Internet é pública, e por isso tudo o que se posta, ainda que contenha máxima privacidade, é capaz de ser violada e vista por muitos, aderir a uma rede social dessas, com perfil e conteúdos públicos, na minha opinião, é totalmente insano. Ainda se utilizassem isso para saber se tal pessoa tem namorado(a) ou não, quais são os seus gostos, bancar o admirador secreto, ainda tinha a sua piada... mas os miúdos de hoje em dia só querem rir dos outros, armar confusões e parecerem os maiores.

O facto dos jovens portugueses terem aderido em massa a esta rede social, com estas características, e para estes fins, só demonstra o quão idiotamente foi criada esta próxima geração que vive das aparências e dos anonimatos. Imagino-os a fazerem um 25 de Abril no ask.fm: qual era mesmo a senha?o que é uma revolução?; não gosto de ver os militares com aquela roupa, super outforça aí na AR fdp's que eu agora vou dar uns tiros no CS; hoje deitaram o governo abaixo f***-**, brutal os videos que meteram no youtube.

Menos ilusões, mais actos. Têm dúvidas? Esclareçam-nas pessoalmente com as pessoas certas. Cobardia já se tornou adjectivo obrigatório do português mesquinho que só se interessa por este tipo de coisas. Uma febre doentia pelo querer saber dos outros, esquecendo-se que também têm vida própria e até poderiam fazer algo de interessante com ela, offline.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A cultura cultiva-se



É espantoso como determinadas pessoas sabem tanto sobre determinados assuntos. Dá gosto conversar com esse tipo de pessoas que sabem um pouco de tudo e, sobretudo, sabem manter uma conversa agradável. Nada cá de espertinhos com a mania que sabem. Estou a falar mesmo daquelas pessoas que se poderia ficar horas e horas a ouvir falar com toda a vontade do mundo, e de queixo caído.

Mas a cultura tem muito por onde se pegue.

Literatura, teatro, cinema, artes performativas, artes plásticas e visuais, etc, etc, etc... Era capaz de me ver profissionalmente em qualquer um destes mundos e ser feliz por isso. (Bem, retirando a parte das artes plásticas e visuais porque realmente não são o meu forte, mas que muito admiro e cada vez mais tenho vontade de aprender sobre). Mas sou apenas uma dandy nestes mundos. Tenho os meus interesses e aprecio aquilo que tenho vindo a conhecer.

Gostava de ser escritora. Desde cedo que esse bichinho me acompanha. Escrevia poesia e letras de música, mas com o iniciar da idade adulta deixei-me disso. Escrever sobre mim ou o que me rodeava estava a entedear-me. Talvez porque os nossos processos de mudança não nos permitam avaliar ainda o que está a acontecer, nem o que mudou. Então virei costas à escrita e disse-lhe um "até já", que ainda hoje me faz pensar se não foi uma despedida escusada. Entre estas mudanças perdi trechos que me fariam reflectir e avaliar todas as situações porque passei. Mas não me destinei a tal e, por isso, regressar agora aos poucos já é uma vitória.

 Não me lembro de ter comprado um livro com o propósito de me enculturar, tirando os livros de Uma Aventura ou o Memorial do Convento, exigidos na escola. É estranho sempre ter tido o gosto pela escrita e nunca ter tido a curiosidade de ler e conhecer outros autores. Da primária ao último ano do ensino básico, nunca nenhum professor disse na sala de aula que deviamos ler e cultivar novos conhecimentos. Nunca nenhum professor se disponibilizou a levar a turma à biblioteca e mostrar as diversas actividades que lá poderíamos encontrar. Nunca nenhum professor nos ensinou a sermos cultos. E se por um lado penso que realmente não têm obrigação de o fazer - porque esse bichinho deve vir de nós próprios e devemos ter a curiosidade de aprender o que é o mundo lá fora - por outro acho que os professores que tive durante nove anos de ensino básico se limitaram a debitar algumas coisas que eles próprios decoraram, e nem deviam saber bem o que estavam para ali a dizer. Se bem me lembro, eram mais as vezes que estávamos em feriado do que na sala de aula.

Mas pronto, isto tudo para dizer que - e sem intenção de estar aqui a criticar antigos professores - quando cheguei ao secundário, conheci um professor que fez toda a diferença. Ainda que não tivesse efeitos imediatos, constituiu uma referência que marcou a minha forma de estar perante as pessoas, os conhecimentos e as coisas. Era bastante culto. Sabia tudo o que lhe perguntássemos. Tinha classe, era um homem que sabia estar e, acima de tudo, tinha presença e sabia o que estava a dizer. Fascinou-me durante 3 anos o facto de uma pessoa ser tão culta. Pensava para mim como é que é possível alguém ter este conhecimento todo?. Nunca na vida iria chegar aos calcanhares deste senhor, nem sequer seria capaz de ler todos os livros que este homem já leu ou conhecer os lugares que ele já conheceu na vida dele. Parece que me estou a lembrar do primeiro dia de aulas... uma lavagem cerebral de todos os livros que já deviamos ter lido até ao 10º ano, e ninguém na turma tinha sequer ouvido falar sobre tais obras... Elíada e Homero? Que raio de nomes.... pensei logo. E ainda não os li. Sem tempo, sem vontade, sem curiosidade... na altura. Mas hoje tenho o desejo de formular um saber literário devidamente composto e ter estas referências como base. Creio que em breve já terei condições de formular um post sobre estas obras.

Entretanto, o choque que se sente está na primeira vez em que se mete os pés numa sala de aula do ensino superior. A preparação, isto é, o saber estar e as aprendizagens que devíamos trazer do secundário são, afinal, muito escassas comparativamente ao que é exigido no nível superior. E somos confrontados com mil e quinhentos autores e obras e citações sem fim.

Porém, quando chegamos ao mundo do trabalho (e principalmente agora nos tempos que correm) encontramos duas novas realidades. Afinal tudo o que aprendemos não serve de nada em determinadas ocupações e, noutras situações, o que sabemos é muito pouco para aquilo que é exigido.

Agora, embora com um curso superior, sinto-me ainda mais inculta que muitas pessoas, algumas mais novas, outras mais velhas. Não conheço parte das obras literárias mais famosas, lá reconheço um outro nome de realizadores de cinema mas não sei referir que filmes realizaram, já domino algumas técnicas de interpretação das artes performativas mas não chego aos calcanhares dos que se profissionalizaram nessa área, também já me predisponho a observar obras de arte (fotografias, pinturas esculturas) e a tentar interpretá-las mas achando que ainda conheço pouco da área...

Enfim, sei um pouquinho de tudo mas na realidade não sei nada. E não faço parte daquele grupo de pessoas que dá gosto de ouvir, porque não domino realmente estes temas. Mas pelo menos já percebi que me integro naquele grupo de pessoas que sabe e tem muito jeito para ouvir. E isso, já é uma coisa boa. O contacto com outras pessoas já me trouxe muitas alegrias e transformou o meu saber. Não preciso ser pró numa determinada questão, mas se sou nem eu própria sei. Apenas penso que devo continuar com o meu livro de páginas brancas em aberto, para que, por mim e/ou por outros, possa vir a saber sempre mais e um dia tornar-me num tipo de pessoa que sempre quis ser: alguém que sabe de tudo um pouco, sabe conversar, sabe estar e dá gosto ouvir falar. E isso não está longe nem é impossível se não deixar de cultivar a minha cultura.

Tenho dificuldade em começar a escrever...



Uma das expressões que mais ouvi durante todo o meu percurso escolar e académico, foi exactamente esta: "tenho dificuldade em começar a escrever".

Como forma de desmistificar este "papão das palavras", resolvi abordar a questão que a muitos incomoda e a outros tantos serve de desculpa para não escrever. Parte dos fundamentos que apresento em seguida, baseiam-se na frequência de um workshop de "escrita criativa" que realizei há uns meses, algo que me ajudou a compreender melhor o processo da escrita.

Assim sendo, não é a dificuldade de escrever que atormenta muita gente, mas sim a organização de todas as ideias que surgem num dado momento em que se vai escrever. O início deste processo é que constitui o ponto fulcral de todo o texto que se vai desenvolver em seguida. Tudo depende do tipo de narrativa que se pretende. Por exemplo, a estrutura de uma notícia é diferente da estrutura de um conto infantil, de uma carta, de um guião, de um relatório, de uma letra de música, e por aí adiante... Só após a escolha/definição do género literário é que se deve pensar o tema e a forma de o abordar, conhecendo e respeitando as normas para redigir tal texto.

Agora sim, vêm as indecisões e dúvidas existenciais. "Vou escrever isto. Hmm... é melhor não". "Ah, isto é capaz de ser boa ideia...  mas quem é que vai ler ou gostar disto?". "Tenho uma ideia brutal!!!... mas como é que eu explico? Bah, esquece". Até que... "Não tenho ideias para escrever, desisto".

Em primeiro lugar há que esclarecer que ninguém nasce a ter "ideias brutais" ou "escritos fantásticos". O processo da escrita é um processo de maturação de ideias, sejam eles factos, juízos ou ficção. É necessária tranquilidade e confiança naquilo que se pretende transmitir. Claro que há textos em que o tempo determina tudo, logo a criatividade é mais reduzida. Estou a falar das notícias e actualização de informações que não têm espaço para grandes invenções ou originalidades. Mas a outra grande parte de tipos de texto que existem merecem sempre uma atenção especial e uma revisão para que nada fique ao acaso e tudo faça sentido. Os escritores de livros, por exemplo, levam anos a fio para redigirem uma obra literária, tal como os grandes guionistas levam anos a redigir um bom guião. Tudo depende também da alma do artista, mas por natureza, as ideias precisam ser desenvolvidas para criar maior impacto no leitor, público alvo que todos os tipos de texto têm em comum.

A reflexão a retirar daqui, e apesar de muito generalista, é que a maior parte das pessoas se acomoda com a justificação "tenho dificuldade em começar a escrever" para, como em muito bom português se diz, "engonhar" ou simplesmente passar a "batata quente" a outro. Esta desculpa não é mais do que uma forma dos preguiçosos não fazerem o que lhes compete ou adiarem, como é hábito dos portugueses.

E essa foi uma postura que adoptei desde que entrei no ensino superior. Os trabalhos académicos que exigem uma escrita muito rigorosa e científica retiraram-me toda e qualquer inspiração para escrever poesia. Parecia que nada me surgia naturalmente, não tinha assuntos sobre os quais falar, e muitas vezes só a vontade de pegar num lápis "era tanta" que me ficava pelo pensar que poderia ter aproveitado esse tempo para poetizar e acabava por gastá-lo a não fazer nada.

Desde que acabei o curso de Comunicação Social, ramo jornalismo (que sempre exigiu muito rigor e escrita somente factual para a redacção de notícias), comecei a ouvir falar na nova geração de bloggers. Não só anónimos, mas pessoas conhecidas pelo seu trabalho que transmitem periodicamente as suas opiniões num blog individual e próprio para o efeito, à parte do seu trabalho/profissão. Fiquei curiosa, e ainda andei a espreitar alguns blogs de política e de desporto, mas rapidamente me cansei e só a preguicite de ter de escrever, levou-me a desistir da ideia. Também redigi duas crónicas no Homilítico (blog que criei para falar sobre política [mas a pensar seriamente em recuperá-lo]), mas dois posts chegaram para a "veia artística" se ir.

Porém, hoje, após a maturação de algumas ideias, decidi aventurar-me nesta blogosfera. Tenho como perspectivas principais, desenvolver a minha forma de escrita e construir um olhar opinativo sobre determinadas questões. Este crescimento, tenho a certeza, irá contribuir para as próximas vezes em que tiver de escrever um press-release ou uma notícia. Convido-vos desde já a manterem-se atentos aos próximos posts e, se a demora for muita, dêem-me uma "abuzinadela" para eu cumprir com o propósito deste blog

Já agora, se tiverem blogs mandem-me os vossos links para eu seguir. E se não têm, do que estão à espera? Sigam o meu exemplo (finalmente, a servir de exemplo) e lancem essa escrita. A diferença só é comparável após a mudança. 

Vamos ver se o "tenho dificuldade em começar a escrever" não se transforma em "tenho dificuldade em parar de escrever"!