Beatrix dos Países Baixos, assim reconhecida internacionalmente, nasceu em Baarn, na Holanda, no dia 31 de janeiro de 1938. Foi corada rainha em 1980, após abdicação da mãe, a rainha Juliana, e vai dar coroar como rei o seu filho primogénito a 30 de Abril deste ano, no dia em que se comemora o dia da rainha na Holanda. Ficou também muito conhecida pelas leis pioneiras que tornaram o país holandês como o mais liberal do mundo: a legalização da eutanásia, do aborto, da prostituição, do consumo de drogas leves e do casamento e adopção para casais homossexuais.
Embora os holandeses já esperassem por este comunicado de Beatrix, a renúncia ao trono veio reforçar a ideia de que o novo rei irá representar bem uma nova geração com novos interesses e novas soluções para o país. Além disso, Williem vai ser o primeiro rei da Holanda desde o fim do século XIX.
Os Países Baixos são governados por uma monarquia constitucional independente desde a constituição de 16 de Março de 1815. Como se pode ler na Wikipedia:
"Na linha de sucessão ao trono holandês, existe igualdade de primogenitura. Ao contrário de outras monarquias da época, a Lei Sálica não foi aplicada nos Países Baixos desde a concepção da monarquia em 1814. A Constituição de 1814 estabelece que o filho mais velho do monarca iria sucedê-lo, e caso não existisse filhos, passaria para os irmãos do monarca. Só quando houvesse uma completa falta de homens na família mais próxima, seria a filha mais velha do monarca a lhe suceder. A Constituição de 1887 alterou ligeiramente, para que pudesse também ser incluídas as filhas dos irmão do monarca. Em 1983, os Países Baixos aprovou integralmente a primogenitura linear e igualitária entre os sexos (o filho mais velho é herdeiro)".
Uma interessante maneira de verificar a forma de governar de um povo aqui quase ao lado. Embora não seja adepta das monarquias, seja qual for o sistema que nela se integra, este regime tem sido muito acarinhado pelos holandeses e emigrantes que lá vivem. O que sustenta a minha tese de que o importante, antes de tudo o mais, é saber governar um povo, fazendo-os respeitar as leis do país e dando-lhes o que precisam para serem felizes.
Não me converteria tão facilmente ao facto de trocarmos o Dr. Aníbal Cavaco Silva pelo D. Duarte Pio, duque de Bragança. Ainda que estejam numa linha semelhante, existem grandes diferenças entre um e outro. Contudo, e embora algumas vozes se façam ouvir em contrário, um chefe de estado deveria fazer-se ouvir mais vezes e intervir mais nos assuntos que passam pelas suas mãos. É que em Portugal confundimos muito o sentido de intervir com o ser protagonista ou antagonista. Há quem defenda que o Presidente da República representa apenas mais uma peça ornamental do jogo e, por isso, deve cingir-se às suas funções de árbitro da partida. Embora Cavaco Silva seja o chefe de estado de Portugal com mais vetos políticos da história da nossa república, está longe de representar o povo português. E ainda assim foi o eleito democraticamente pela maioria (discutível).
Beatrix faz 75 anos, Cavaco faz 74. Ambos acompanharam diferentes gerações e diferentes problemas de ordem política, económica e social. Holanda é um pais teve de se refazer do pós-guerra, recriando cidades devastadas pela guerra e libertando-se de estigmas para que os seus habitantes vivessem em liberdade e harmonia. Portugal é um país que se teve de refazer do domínio fascista e que utilizou os apoios financeiros europeus para o seu desenvolvimento a nível de obras públicas, bem como para encher os bolsos a uma classe política e banqueira bem conhecidas.
A diferença está entre os dois regimes políticos das nações que Beatrix e Cavaco representam? Sim e não. Enquanto uns trabalhavam para o progresso do seu país, outros foram destruindo internamente o seu país ao desviar dinheiros públicos até não poder mais, com políticas inapropriadas para o crescimento da economia e a aumentar burocracias que entopem os tribunais. A propagação desse sistema corrupto ao longo dos anos é que originou estas fissuras tão grandes que são, no incomparável (pois um é eleito por sufrágio e outro é eleito hierarquicamente), precisamente comparáveis nestes termos entre sucesso e fracasso, sistema funcional e sistema corrompido. Ou seja, Holanda e Portugal.
Estará na hora de dar lugar às novas gerações? É que em Portugal temos vindo a verificar (impossível de não sentir na pele) com o mandato de Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro português, que as esperanças de Beatrix não funcionaram muito bem connosco ("dar lugar às novas gerações", "prontos para assumir essas responsabilidades"). Estará a Holanda a tomar as rédeas de uma nova fase política inovadora e próspera ou Portugal a dar sinais de incapacidade política, económica e intergeracional?
Não me converteria tão facilmente ao facto de trocarmos o Dr. Aníbal Cavaco Silva pelo D. Duarte Pio, duque de Bragança. Ainda que estejam numa linha semelhante, existem grandes diferenças entre um e outro. Contudo, e embora algumas vozes se façam ouvir em contrário, um chefe de estado deveria fazer-se ouvir mais vezes e intervir mais nos assuntos que passam pelas suas mãos. É que em Portugal confundimos muito o sentido de intervir com o ser protagonista ou antagonista. Há quem defenda que o Presidente da República representa apenas mais uma peça ornamental do jogo e, por isso, deve cingir-se às suas funções de árbitro da partida. Embora Cavaco Silva seja o chefe de estado de Portugal com mais vetos políticos da história da nossa república, está longe de representar o povo português. E ainda assim foi o eleito democraticamente pela maioria (discutível).
Beatrix faz 75 anos, Cavaco faz 74. Ambos acompanharam diferentes gerações e diferentes problemas de ordem política, económica e social. Holanda é um pais teve de se refazer do pós-guerra, recriando cidades devastadas pela guerra e libertando-se de estigmas para que os seus habitantes vivessem em liberdade e harmonia. Portugal é um país que se teve de refazer do domínio fascista e que utilizou os apoios financeiros europeus para o seu desenvolvimento a nível de obras públicas, bem como para encher os bolsos a uma classe política e banqueira bem conhecidas.
A diferença está entre os dois regimes políticos das nações que Beatrix e Cavaco representam? Sim e não. Enquanto uns trabalhavam para o progresso do seu país, outros foram destruindo internamente o seu país ao desviar dinheiros públicos até não poder mais, com políticas inapropriadas para o crescimento da economia e a aumentar burocracias que entopem os tribunais. A propagação desse sistema corrupto ao longo dos anos é que originou estas fissuras tão grandes que são, no incomparável (pois um é eleito por sufrágio e outro é eleito hierarquicamente), precisamente comparáveis nestes termos entre sucesso e fracasso, sistema funcional e sistema corrompido. Ou seja, Holanda e Portugal.
Estará na hora de dar lugar às novas gerações? É que em Portugal temos vindo a verificar (impossível de não sentir na pele) com o mandato de Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro português, que as esperanças de Beatrix não funcionaram muito bem connosco ("dar lugar às novas gerações", "prontos para assumir essas responsabilidades"). Estará a Holanda a tomar as rédeas de uma nova fase política inovadora e próspera ou Portugal a dar sinais de incapacidade política, económica e intergeracional?
Sem comentários:
Enviar um comentário