O Diário de Notícias publicou um artigo, no passado dia 27/10/13, sobre a proximidade dos fascismos e as democracias actuais. Sustentado por opiniões da historiadora portuguesa Irene Pimentel, o jornal escreve que determinadas excepções no sector da segurança torna perigoso o acesso e domínio das novas tecnologias.
"Estamos em transformação, sem quase darmos por isso, de uma democracia para ditaduras. Por exemplo, hoje em dia, não é preciso na Europa, ou em Portugal, instaurar a censura tal como ela existia na ditadura. Basta controlar os «mass media», pôr os jornalistas a ganharem pouco, a estarem disponíveis para tudo, etc, e, de repente, temos um pensamento único, sob a capa da pluralidade", refere Irene Pimentel no DN, (link directo: Mundo caminha para ditaduras apoiadas nas tecnologias)
É só pensar um pouco. Qualquer trabalhador por conta de outrem sabe que as suas funções estão confinadas a um objectivo comum da empresa para a qual trabalha. As suas opiniões podem ser válidas, bastante úteis até, mas não vão ter o mesmo peso que a opinião dos seus directores. A balança pende para o lado que pesa mais.
E os jornalistas não são diferentes. Os detentores dos media não permitem um trabalho jornalístico fora do seu contexto ideológico pessoal. Profissionalmente, a imparcialidade deve ser praticada 'no matter what'. Mas todos sabem que é uma tarefa impossível e que a realidade das notícias que chegam até à nossa casa não é mais do que uma sopa de legumes passada. Tão bem passada, que escorrega pelo esófago sem primeiro mastigar. Assim como as notícias, em que o consumo não é digerido, nem questionado: é simplesmente engolido.
Alienar pessoas torna-se então a tarefa mais fácil de mundo e as opiniões mantêm-se unânimes. Posto isto, a influência estabelecida permite dar frutos a curto, médio e longo prazo. Formatar pensamentos é um aliado daqueles que não permitem o pluralismo: um aliado dos amigos das censuras, das ditaduras e dos fascismos.
"Quando estamos a fazer excepções em democracia, estamos a dar cabo dela", adverte Irene Pimentel. E adverte bem. Imparcialidade tornou-se excepção quando deveria ser permanente. Interesses políticos, económicos e sociais sustentados por intermédio dos media intensificam a mensagem a espalhar, são transmitidos em grande massa e o mundo passa a raciocinar e a agir de igual forma. Da forma que os grandes querem e desejam que os seus cidadãos ajam.
Fica a pergunta: É este o futuro que queremos para as nossas democracias?
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