domingo, 1 de dezembro de 2013

Jovens emigrantes, voltem à «ditadura do literado»

A piada do dia vem directamente da boca do primeiro ministro português. Com afirmações dignas de um site de comédia, Passos Coelho fez um discurso de fazer os jovens morrer de tanto rir.

O primeiro ministro, Passos Coelho, afirmou hoje que os jovens são a peça-chave para o fim da crise portuguesa. Segundo o chefe do executivo, o governo "deposita nesta geração tão qualificada uma grande esperança para que as transformações no tecido social e económico que precisamos de fazer possam ser mais profundas do que aquelas que fizemos no passado".

Não deixa de ser irónico que o mesmo homem que há cerca de dois anos mandou os jovens emigrarem venha agora afirmar que os mesmos são a esperança para um país cada vez mais decadente em termos económicos.

É bom saber que o primeiro ministro reconhece as qualificações e competências desta nova geração que quis entrar no mercado de trabalho e se viu obrigado a emigrar por não ter condições para desempenhar a actividade profissional que estudou, nem uma outra qualquer. De qualquer forma, esse reconhecimento em nada altera as realidades profissionais dos jovens portugueses.

Passos Coelho afirma ainda que "as gerações mais jovens sabem hoje que, para poderem alcançar os mesmos níveis de realização e de prosperidade que os seus pais e avós, terão de se esforçar muito mais". Ninguém tem dúvidas disso. Para os que emigraram, essa conversa não faz qualquer sentido neste momento.

O discurso ocorreu na cerimónia da entrega dos prémios do Instituto Português de Juventude e Desporto a associações juvenis, no Palácio Foz, em Lisboa. "É natural que os mais jovens sintam uma angústia maior perante as actuais circunstâncias do país". 

Angústia não será a palavra indicada. No meu caso, diria mesmo tristeza pois um país riquíssimo em cultura, turismo, gastronomia, recursos naturais, etc... é uma lástima que se tenha deixado chegar a este estado. Portugal parece um país de terceiro mundo. Os jovens que emigraram e encontraram novos países onde desenvolver as suas actividades profissionais e onde já começaram a estabelecer uma nova vida, não pensam em voltar tão cedo. As oportunidades no estrangeiro não se comparam àquilo que o nosso país pode oferecer aos próprios jovens. 

Mas ainda assim, sr. primeiro ministro, diga lá de sua justiça então, e demonstre com exemplos práticos em que é que a "geração qualificada" pode ajudar(?), se é a "geração pós 25 de abril", que também estudou e passou por diversas dificuldades democrática, que está no poder e nada soube fazer para evitar todo o tipo de crises pelas quais o nosso país atravessa.

E já agora, como breve referência, celebra-se hoje, 1 de Dezembro, 343 anos da proclamação da independência face a Espanha. Um dia passado em branco, que deixou de ser feriado para que se evitasse as pontes da função pública e não se perdesse produtividade nacional. Sr. primeiro ministro, cuja sabedoria é possível verificar no certificado de licenciatura que possui, considera mesmo que os jovens emigrantes, que conhecem agora novas realidades e novas políticas sociais, voltariam para um Portugal mergulhado numa «ditadura do literado»?


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