quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
A febre do ask.fm
Há meses que vejo algumas pessoas a divulgarem nos seus murais de Facebook contas de uma determinada rede social chamada ask.fm.
Pelos comentários feitos nessas partilhas, logo me apercebi que era apenas mais uma daquelas redezinhas sociais para falarem de si próprios, exporem a vida dos outros e fazerem-se de vítimas.
Hoje, pela primeira vez, entrei na dita rede para me abstrair um pouco dos meus preconceitos sobre ela (ou para os acentuar ainda mais). Um perfil, uma pergunta e uma resposta, aliados a uma conta de Facebook, e está o pagode instalado. Não vi nada de interessante, nada que valesse realmente a pena o tempo que perdi a tentar compreender tamanha popularidade.
Juventude perdida... Só discussões, infâmias e ordinarices. Principalmente pela particularidade de se puderem colocar questões anónimas à outra pessoa. Pensei seriamente que os perfis falsos de Hi5, Youtube, Pinterest, Facebook, etc, que sempre circularam pelas redes, que obrigam a abertura de uma conta, conseguissem afastar este fenómeno do anonimato agressivo (pois mesmo utilizando contas falsas, o IP fica registado e a conta pode ser bloqueada). Mas poder simplesmente utilizar a rede sem um registo de conta, em pleno 2012/13 e afins, constitui um retrocesso em termos de identidade e privacidade no mundo das redes sociais.
Pessoalmente, tenho alergia a esse tipo de redes. Embora saibamos que a Internet é pública, e por isso tudo o que se posta, ainda que contenha máxima privacidade, é capaz de ser violada e vista por muitos, aderir a uma rede social dessas, com perfil e conteúdos públicos, na minha opinião, é totalmente insano. Ainda se utilizassem isso para saber se tal pessoa tem namorado(a) ou não, quais são os seus gostos, bancar o admirador secreto, ainda tinha a sua piada... mas os miúdos de hoje em dia só querem rir dos outros, armar confusões e parecerem os maiores.
O facto dos jovens portugueses terem aderido em massa a esta rede social, com estas características, e para estes fins, só demonstra o quão idiotamente foi criada esta próxima geração que vive das aparências e dos anonimatos. Imagino-os a fazerem um 25 de Abril no ask.fm: qual era mesmo a senha?; o que é uma revolução?; não gosto de ver os militares com aquela roupa, super out; força aí na AR fdp's que eu agora vou dar uns tiros no CS; hoje deitaram o governo abaixo f***-**, brutal os videos que meteram no youtube.
Menos ilusões, mais actos. Têm dúvidas? Esclareçam-nas pessoalmente com as pessoas certas. Cobardia já se tornou adjectivo obrigatório do português mesquinho que só se interessa por este tipo de coisas. Uma febre doentia pelo querer saber dos outros, esquecendo-se que também têm vida própria e até poderiam fazer algo de interessante com ela, offline.
Etiquetas:
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