terça-feira, 13 de janeiro de 2015
A propagação eminente da violência no mundo
No dia 11 de janeiro, França foi a capital do mundo. A manifestação em prol da liberdade de expressão e solidariedade para com os jornalistas assassinados do jornal satírico Charlie Hebdo obteve uma adesão histórica. Entre as 200 mil pessoas presentes, estiveram também líderes políticos mundiais, que se tinham reunido momentos antes para debater os desafios que estes massacres trouxeram para a Europa. O combate ao terrorismo e ao medo como forma de repressão consistiram nas palavras de ordem do movimento que foi transmitido por toda a comunicação social internacional.
Mas França não foi o único local de massacre da semana que passou. Também na Nigéria, os militares de Boko Haram, conseguiram levar a cabo um acto brutal, através de uma criança-bomba de apenas dez anos, que culminou em centenas de mortos. Em Aceh, Indonésia, uma mulher de 21 anos foi condenada em 200 chicoteadas e seis meses de prisão por alegado adultério. A rapariga, de 19 anos na altura, foi violada 14 vezes por um grupo de sete homens, como um género de punição por esta ter conduzido sozinha com um homem no carro que não era o seu cônjugue. As violações foram vistas pelos sauditas como uma acção justa e merecedora e, entretanto sabe-se publicamente que o advogado que defendia os direitos desta mulher foi suspenso do caso. Dois anos após ter sido violentada, chega agora a sentença judicial de todos os arguidos: o homem que estava com ela foi condenado a 6 anos de prisão e os agressores obtiveram penas entre os 2 e 9 anos de prisão. Também na Arábia Saudita, um blogger que viu o seu apoio à liberdade de expressão ser reconhecido internacionalmente foi detido. Raif Badawi foi condenado a 10 anos de prisão e mil chicoteadas por defender "pensamentos liberais" e insultar o islão.
A intolerância praticada por grupos dos países árabes já não é, infelizmente, novidade nenhuma. Contudo, a multiplicação destes actos bárbaros tem sido mais divulgada pela comunicação social e debatida pela opinião pública. O facto de as pessoas terem acesso a este tipo de informações tornou-se muito importante para a aprendizagem e conhecimento de outras realidades, não tão distantes das nossas, onde todos os dias são cometidos crimes humanos deste género.
A denunciar o fundamentalismo islâmico insurge-se também o papa Francisco, que afirma ser uma "forma desviante de religião". O líder da igreja católica evidencia a propagação destas ideologias como forma justificativa de prepetuar este tipo de massacres violentos, como os que ocorrem com o jornal satírico Charlie Hebdo. O Papa debruça-se ainda sobre as questões de violência, referidas nos parágrafos acima, e não só considera como "abominável" o rapto e escravatura de jovens raparigas por militares de Boko Haram, Nigéria, como também condena, com «brutal inexplicação», a imperdoável tortura submetida a crianças pelos talibãs, no Paquistão. Além dos massacres ocorridos a semana passada, a figura máxima do Vaticano, alerta ainda para a "escravatura" ideológica por todo o mundo, através do uso da violência, e faz ainda uma pequena referência para a necessidade de um "cuidado, atenção e protecção" especiais aos refugiados cubanos que se estão a mover para os Estados Unidos da América.
O movimento "Je suis Charlie", que dá voz à liberdade de expressão e informação pelos jornalistas assassinados em Paris, continua. Hoje, foi divulgada aquela que será a primeira página do jornal Charlie Hebdo, que mantém as suas funções na sede do jornal Libération. Mais uma vez, surge o profeta Mahomé com uma placa entre mãos em que afirma que também ele é Charlie, enquanto se pode ler na manchete "tudo é perdoável". A figura religiosa, "proíbida de representar", aparece ainda com uma lágrima, demonstrando-se triste pelos acontecimentos levados a cabo em seu nome. Entretanto, a Al-Qaeda do Magreb já veio anunciar que vão ser efectuados mais ataques terroristas em França por estes continuarem a insultar o Islão e o profeta Mahomé, assim como exigiu também a retirada das tropas francesas do Mali, República Africana, Iraque e Síria. Na lista de possíveis locais-alvo de terrorismo divulgados encontram-se ainda Espanha, Inglaterra, Holanda, Suécia, Rússia e outros estados da América.
A propagação do medo pela Al-Qaeda e o "not afraid" dos Franceses não está a ajudar no melhoramento das relações entre os envolvidos. Por um lado, o uso do terror como forma de espalhar o fundamentalismo islão. Por outro, a reiteração de um valor e direito civilizacional que pretende dar voz a toda e qualquer opinião. Quando e como é que isto vai acabar?, perguntamos todos nós, ao perceber que esta é uma questão além fronteiras. Muitos de nós, inclusive eu, acreditamos que esta ameaça aos valores da liberdade pode vir a culminar numa terceira guerra mundial. A Europa já tentou intervir noutros locais e noutros continentes, e o balanço que podemos daí retirar são alguns sucessos e muitas mortes, e agora os mesmo agressores retornam, através das acções de nativos europeus que absorveram as ideologias do Islão, para atacar os que tentaram travar as suas acções. Então torna-se legítimo perguntar: em que ponto estará a Europa preparada para enfrentar o terrorismo que não conseguiu travar noutros países?
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