quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Alienação do Zé pelos media

O Diário de Notícias publicou um artigo, no passado dia 27/10/13, sobre a proximidade dos fascismos e as democracias actuais. Sustentado por opiniões da historiadora portuguesa Irene Pimentel, o jornal escreve que determinadas excepções no sector da segurança torna perigoso o acesso e domínio das novas tecnologias.

"Estamos em transformação, sem quase darmos por isso, de uma democracia para ditaduras. Por exemplo, hoje em dia, não é preciso na Europa, ou em Portugal, instaurar a censura tal como ela existia na ditadura. Basta controlar os «mass media», pôr os jornalistas a ganharem pouco, a estarem disponíveis para tudo, etc, e, de repente, temos um pensamento único, sob a capa da pluralidade", refere Irene Pimentel no DN, (link directo: Mundo caminha para ditaduras apoiadas nas tecnologias)

É só pensar um pouco. Qualquer trabalhador por conta de outrem sabe que as suas funções estão confinadas a um objectivo comum da empresa para a qual trabalha. As suas opiniões podem ser válidas, bastante úteis até, mas não vão ter o mesmo peso que a opinião dos seus directores. A balança pende para o lado que pesa mais. 

E os jornalistas não são diferentes. Os detentores dos media não permitem um trabalho jornalístico fora do seu contexto ideológico pessoal. Profissionalmente, a imparcialidade deve ser praticada 'no matter what'. Mas todos sabem que é uma tarefa impossível e que a realidade das notícias que chegam até à nossa casa não é mais do que uma sopa de legumes passada. Tão bem passada, que escorrega pelo esófago sem primeiro mastigar. Assim como as notícias, em que o consumo não é digerido, nem questionado: é simplesmente engolido. 

Alienar pessoas torna-se então a tarefa mais fácil de mundo e as opiniões mantêm-se unânimes. Posto isto, a influência estabelecida permite dar frutos a curto, médio e longo prazo. Formatar pensamentos é um aliado daqueles que não permitem o pluralismo: um aliado dos amigos das censuras, das ditaduras e dos fascismos. 

"Quando estamos a fazer excepções em democracia, estamos a dar cabo dela", adverte Irene Pimentel. E adverte bem. Imparcialidade tornou-se excepção quando deveria ser permanente. Interesses políticos, económicos e sociais sustentados por intermédio dos media intensificam a mensagem a espalhar, são transmitidos em grande massa e o mundo passa a raciocinar e a agir de igual forma. Da forma que os grandes querem e desejam que os seus cidadãos ajam.

Fica a pergunta: É este o futuro que queremos para as nossas democracias?

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A vida continua

Hoje gostava de partilhar convosco um trabalho fotográfico que me tocou pessoalmente.



Trata-se da história de uma mulher com cancro, documentada pela pessoa que esteve sempre ao seu lado: o marido. Este homem registou os melhores e os piores momentos do processo de recuperação e tratamentos desta doença.

As seguintes imagens podem chocar os mais sensíveis.

Link directo: This Guy’s Wife Got Cancer.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Quem assegura os direitos humanos dos ciganos?

Esta semana, os jornais franceses e internacionais dão conta de que uma rapariga com 15 anos, de nome Leonarda, foi detida durante uma visita de estudo da sua escola e, posteriormente, expulsa do país juntamente com a sua família.

Importa então salientar que o crime desta família consiste em serem kosovares de etnia cigana. Em julho de 2010, a lei da repatriação de ciganos pela França deu fim a diversos acampamentos ilegais e o consequente retorno (expulsão) dos mesmos para os seus países de origem. Ainda que muitas vozes internacionais se tenham feito ouvir em relação a este caso, os franceses mantiveram sempre a sua posição. Cidadãos romenos e búlgaros viram o direito de residência desaparecer em questão meses, aquando dos incidentes ocorridos por membros da comunidade cigana (roubos e distúrbios) [ou seja, o chamado "por uns, pagam todos"]. Os mesmos não podem permanecer em território francês mais de 3 meses sem autorização de trabalho e/ou residência, mesmo fazendo parte dos países comunitários da Europa. A ONU tentou intervir na política praticada pelos franceses, incluindo sanções a determinar, sem que no entanto fosse o suficiente para demover os objectivos do governo da altura chefiado por Nicolas Sarkozy.

Perante esta lei, a França apenas afirma que a família havia perdido direito ao asilo francês (a família alegava racismo no país de origem) e a deportação para o Kosovo seria o desfecho inevitável. O problema é que já não bastava a deportação em si, após 5 anos da família residir em França, como os próprios kosovares não gostaram da notícia do retorno e decidiram então violentá-los verbal e fisicamente. Comprovando-se então a veracidade do pedido de ajuda, não ouvido pela França, perante a discriminação racial que a família vinha a sofrer.

Após a expulsão da família, e especificamente da jovem (que fala Francês e estudava numa escola francesa), rapidamente a notícia chegou aos quatro cantos do mundo. Também em França, milhares de estudantes manifestaram-se contra a decisão do governo e a favor do regresso da estudante. Posto isto, Hollande veio a público e em prime time comunicar ao mundo que a França fazia uma excepção para a jovem, para poder continuar os seus estudos, visto esta falar francês. Rapidamente a comunicação social fez chegar a contra-resposta da jovem que afirma não deixar a família e irmãos, nem ter mais pretensões de regressar a um país que os desprezou.

Resumindo, a raiz da política praticada em França actualmente tem origem no preconceito. A favor da discriminação praticada pelos franceses, estão os estados membros da União Europeia que, apesar de se afirmarem contra, nada fizeram ainda para contrariar a expulsão de milhares de ciganos e combater a xenofobia. Fica então a questão no ar... A quem é que, legalmente, se podem dirigir os membros da comunidade cigana para que se faça justiça? Já percebemos que em França não será de certeza.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Falar e escrever bom português (também aplicado ao jornalismo)

Saber ler e escrever é algo fantástico. É como uma janela para o mundo. Quem aprende as regras torna-se num pequeno engenheiro letrário, capaz de interagir com tudo um mundo desconhecido através de uns simples rabiscos.

Há cerca de 100 anos atrás, Portugal era um país analfabeto. Poucos eram os que sabiam ler ou escrever ou as duas coisas. Durante o Estado Novo, a chamada 4ª. classe já contava com um aumento significativo de alunos. Mas foi então que, em meados da década de 70, se pôde notar o desenvolvimento de um novo paradigma na área da educação. "Ir à escola" tornou-se uma obrigação obrigatória e desculpas como "o menino não dá para a escola, por isso foi trabalhar", deixou de ser justificação. E foi essa educação, por via do ensino primário e dos ciclos, que deu as bases da escrita e do conhecimento geral para os adultos do presente que se arrasta.

Contudo, a actual premissa do "todos sabem ler e escrever" é discutível. Saber ler é mais do que juntar as letras e soletrá-las. Saber ler implica compreender, interpretar. Implica um raciocínio do sujeito, nem que se dê apenas por uma fracção de segundo, e sem precisar da noção implícita de que se está a praticar um desenvolvimento de ideias (ou um confronto de significado com informações previamente adquiridas).

Ler um artigo de jornal juntando apenas o som às letras não lhe dá significado nenhum. É o contexto em que são organizadas as palavras que lhe dá o conteúdo informativo. Ainda assim, é o jornalista quem deve aprimorar o discurso narrativo, de forma a ser compreensível e, mais do que isso, transmita todos os factos para que o leitor desenvolva um raciocínio crítico e interprete consoante a sua visão do assunto. Isto é, não ficar apenas pela leitura, mas também meter o cérebro a funcionar.

Mas eis que chegámos ao século XXI. Num curto espaço de tempo, o digital passa a fazer parte do quotidiano e ler e escrever passou a ter um lugar de destaque na agenda pessoal de qualquer cidadão comum. O jornalismo também migrou para o digital e, desde então, nunca tantas bacuradas foram escritas e/ou interpretadas. É fantástico. As notícias estão à beira de um clique e aqueles 2 ou 3 segundos que distanciam o título da notícia por inteiro tornam-se cruciais para uma informação mais segura.

Porém... não existe coisa mais irritante do que o próprio título da notícia estar mal escrito! Um artigo que passa pela revisão do editor não deveria ser publicada com erros ortográficos. Isto porque, esquecendo o editor que nem sempre é achado nesta conversa, um título mal escrito pode dar origem a mal entendidos ou simplesmente tirar a vontade ao leitor de ler efectivamente a notícia.

Não. Não estou a dizer que o digital é o culpado de todos os males.  Mas neste caso específico, o digitalizar «num fast», não consiste num factor positivo. E esse foi exactamente o meu caso, como consumidora de notícias e profissional da área, e também porque não consigo ficar à margem do meu raciocínio crítico.

Resumindo, se os media ainda não entenderam a gravidade da publicação de conteúdos informativos sem revisão, talvez os leitores possam e tenham o dever de se demonstrar contra a deseducação que os meios de comunicação trouxeram ao pobre do ensino. (Isto é, se é que alguém se preocupa com isso...) !



* Este artigo foi escrito ao abrigo do Antigo Acordo Ortográfico, após a visualização da notícia do JN: ""Certificados de língua postuguesa credibilizam ensino"...


sábado, 19 de outubro de 2013

Conscientizar para a formação contínua


Cada vez mais tenho verificado que existe um grande problema na mentalidade de alguns portugueses: o estigma da educação. Encaram as formações dos centros de emprego ou das firmas onde se encontram como uma coisa de miúdos, para perder tempo ou para encher o currículo com uma coisa que não vai servir para nada. Resumindo, não valorizam a aprendizagem como algo que pode servir para a vida.

O que fazer para alterar estes preconceitos e conscientizar para a formação contínua?
É realmente difícil meter na cabeça de uma pessoa que conhecer novas áreas poderá servir para a sua vida, mesmo que a sua profissão esteja longe das aprendizagens em questão. 

É costume estranhar, antes de entranhar (como se diz por aí). A importância da formação está na aprendizagem de novos conhecimentos, que especificamente podem estar ligadas a uma profissão e, ainda, abranger aspectos da vida quotidiana, pessoal e social.

As técnicas profissionais que são ensinadas podem servir muitas vezes para outras situações no dia-a-dia. Um exemplo disso, é a aplicação das técnicas de auto-controlo por um agente policial. Na sua situação profissional, é necessário manter o controlo nas operações que realiza, tal como, posteriormente, precisa saber manter o controlo da sua vida pessoal. Outro exemplo será a aprendizagem das TIC, nomeadamente no domínio das ferramentas do Office. Muitas são as profissões que dependem deste tipo de conhecimento: uma secretária já não lida apenas com telefone e agenda, tal como um pequeno empresário passou a dedicar mais tempo a realizar esquemas e apresentações dos seus novos projectos.

Mas não existe uma mentalidade aberta para mais input. O que destoa neste Portugal de actualmente não é o NÃO (redondo) em resposta a uma oportunidade de obter novos conhecimentos, mas o SIM (mais que bicudo) no «achamento» de que todas as competências necessárias para determinado trabalho já foram anteriormente adquiridas e não existir um esforço em sentido contrário. É uma pena, os portugueses têm muito mais para dar. O problema está em não se aperceberem que a sua inércia não lhes permite alcançar um conhecimento mais útil e sábio profissionalmente e que faça a diferença na sua vida quotidiana.

I Am Your Leader está de regresso

O blogue "I Am Your Leader" está de volta! Após alguns meses de ausência, o projecto que reúne várias opiniões e pensamentos pessoais, regressa ao activo.
Sintam-se livres para visitar o blogue, comentar publicações e sugestionar outras temáticas.

Eu sou a vossa líder, por isso fiquem atentos...


"Ter opiniões é estar vendido a si mesmo. 
Não ter opiniões é existir. 
Ter todas as opiniões é ser poeta". Fernando Pessoa