quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Nelson Mandela 1918-2013



















Faleceu hoje, 5 de Dezembro de 2013, o herói da África do Sul, Nelson Mandela, ícone da democracia sul africana. Um homem inspirador: opositor do Apartheid, líder democrático e protector acérrimo dos direitos humanos.

Sem grandes palavras: uma perda insubstituível.

Deixo-vos o excelente discurso que marca o ponto de viragem na vida democrática do povo sul africano.


Nelson Mandela
Pretória
10 de Maio de 1994

"Chegou o momento de construir"

Hoje, através da nossa presença aqui e das celebrações que têm lugar noutras partes do nosso país e do mundo, conferimos glória e esperança à liberdade recém-conquistada.
Da experiência de um extraordinário desastre humano que durou demais, deve nascer uma sociedade da qual toda a humanidade se orgulhará.
Os nossos comportamentos diários como sul-africanos comuns devem dar azo a uma realidade sul-africana que reforce a crença da humanidade na justiça, fortaleça a sua confiança na nobreza da alma humana e alente as nossas esperanças de uma vida gloriosa para todos.
Devemos tudo isto a nós próprios e aos povos do mundo, hoje aqui tão bem representados.
Sem a menor hesitação, digo aos meus compatriotas que cada um de nós está tão intimamente enraizado no solo deste belo país como estão as célebres jacarandás de Pretória e as mimosas dobushveld.
De cada vez que tocamos no solo desta terra, experimentamos uma sensação de renovação pessoal. O clima da nação muda com as estações.
Uma sensação de alegria e euforia comove-nos quando a erva se torna verde e as flores desabrocham.
Esta união espiritual e física que partilhamos com esta pátria comum explica a profunda dor que trazíamos no nosso coração quando víamos o nosso país despedaçar-se num terrível conflito, quando o víamos desprezado, proscrito e isolado pelos povos do mundo, precisamente por se ter tornado a sede universal da perniciosa ideologia e prática do racismo e da opressão racial.
Nós, o povo sul-africano, sentimo-nos realizados pelo facto de a humanidade nos ter de novo acolhido no seu seio; por nós, proscritos até há pouco tempo, termos recebido hoje o privilégio de acolhermos as nações do mundo no nosso próprio território.
Agradecemos a todos os nossos distintos convidados internacionais por terem vindo tomar posse, juntamente com o nosso povo, daquilo que é, afinal, uma vitória comum pela justiça, pela paz e pela dignidade humana.
Acreditamos que continuarão a apoiar-nos à medida que enfrentarmos os desafios da construção da paz, da prosperidade, da democracia e da erradicação do sexismo e do racismo.
Apreciamos sinceramente o papel desempenhado pelas massas do nosso povo e pelos líderes das suas organizações democráticas políticas, religiosas, femininas, de juventude, profissionais, tradicionais e outras para conseguir este desenlace. O meu segundo vice-presidente o distinto F.W. de Klerk, é um dos mais eminentes.
Também gostaríamos de prestar homenagem às nossas forças de segurança, a todas as suas patentes, pelo destacado papel que desempenharam para garantir as nossas primeiras eleições democráticas e a transição para a democracia, protegendo-nos das forças sanguinárias que ainda se recusam a ver a luz.
Chegou o momento de sarar as feridas.
Chegou o momento de transpor os abismos que nos dividem.
Chegou o momento de construir.
Conseguimos finalmente a nossa emancipação política. Comprometemo-nos a libertar todo o nosso povo do continuado cativeiro da pobreza, das privações, do sofrimento, da discriminação sexual e de quaisquer outras.
Conseguimos dar os últimos passos em direcção à liberdade em condições de paz relativa. Comprometemo-nos a construir uma paz completa, justa e duradoura.
Triunfámos no nosso intento de implantar a esperança no coração de milhões de compatriotas. Assumimos o compromisso de construir uma sociedade na qual todos os sul-africanos, quer sejam negros ou brancos, possam caminhar de cabeça erguida, sem receios no coração, certos do seu inalienável direito a dignidade humana: uma nação arco-íris, em paz consigo própria e com o mundo.
Como símbolo do seu compromisso de renovar o nosso país, o novo governo provisório de Unidade Nacional abordará, com maior urgência, a questão da amnistia para várias categorias de pessoas que se encontram actualmente a cumprir penas de prisão.
Dedicamos o dia de hoje a todos os heróis e heroínas deste país e do resto do mundo que se sacrificaram de diversas formas e deram as suas vidas para que nós pudéssemos ser livres.
Os seus sonhos tornaram-se realidade. A sua recompensa é a liberdade.
Sinto-me simultaneamente humilde e elevado pela honra e privilégio que o povo da África do Sul me conferiu ao eleger-me primeiro Presidente de um governo unido, democrático, não racista e não sexista.
Mesmo assim, temos consciência de que o caminho para a liberdade não é fácil.
Sabemos muito bem que nenhum de nós pode ser bem-sucedido agindo sozinho.
Por conseguinte, temos que agir em conjunto, como um povo unido, pela reconciliação nacional, pela construção da nação, pelo nascimento de um novo mundo.
Que haja justiça para todos.
Que haja pás para todos.
Que haja trabalho, pão, água e sal para todos.
Que cada um de nós saiba que o seu corpo, a sua mente e a sua alma foram libertados para se realizarem.
Nunca, nunca e nunca mais voltará esta maravilhosa terra a experimentar a opressão de uns sobre os outros, nem a sofre a humilhação de ser a escória do mundo.
Que reine a liberdade.
O sol nunca se porá sobre um tão glorioso feito humano.
Que Deus abençoe África!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Jovens emigrantes, voltem à «ditadura do literado»

A piada do dia vem directamente da boca do primeiro ministro português. Com afirmações dignas de um site de comédia, Passos Coelho fez um discurso de fazer os jovens morrer de tanto rir.

O primeiro ministro, Passos Coelho, afirmou hoje que os jovens são a peça-chave para o fim da crise portuguesa. Segundo o chefe do executivo, o governo "deposita nesta geração tão qualificada uma grande esperança para que as transformações no tecido social e económico que precisamos de fazer possam ser mais profundas do que aquelas que fizemos no passado".

Não deixa de ser irónico que o mesmo homem que há cerca de dois anos mandou os jovens emigrarem venha agora afirmar que os mesmos são a esperança para um país cada vez mais decadente em termos económicos.

É bom saber que o primeiro ministro reconhece as qualificações e competências desta nova geração que quis entrar no mercado de trabalho e se viu obrigado a emigrar por não ter condições para desempenhar a actividade profissional que estudou, nem uma outra qualquer. De qualquer forma, esse reconhecimento em nada altera as realidades profissionais dos jovens portugueses.

Passos Coelho afirma ainda que "as gerações mais jovens sabem hoje que, para poderem alcançar os mesmos níveis de realização e de prosperidade que os seus pais e avós, terão de se esforçar muito mais". Ninguém tem dúvidas disso. Para os que emigraram, essa conversa não faz qualquer sentido neste momento.

O discurso ocorreu na cerimónia da entrega dos prémios do Instituto Português de Juventude e Desporto a associações juvenis, no Palácio Foz, em Lisboa. "É natural que os mais jovens sintam uma angústia maior perante as actuais circunstâncias do país". 

Angústia não será a palavra indicada. No meu caso, diria mesmo tristeza pois um país riquíssimo em cultura, turismo, gastronomia, recursos naturais, etc... é uma lástima que se tenha deixado chegar a este estado. Portugal parece um país de terceiro mundo. Os jovens que emigraram e encontraram novos países onde desenvolver as suas actividades profissionais e onde já começaram a estabelecer uma nova vida, não pensam em voltar tão cedo. As oportunidades no estrangeiro não se comparam àquilo que o nosso país pode oferecer aos próprios jovens. 

Mas ainda assim, sr. primeiro ministro, diga lá de sua justiça então, e demonstre com exemplos práticos em que é que a "geração qualificada" pode ajudar(?), se é a "geração pós 25 de abril", que também estudou e passou por diversas dificuldades democrática, que está no poder e nada soube fazer para evitar todo o tipo de crises pelas quais o nosso país atravessa.

E já agora, como breve referência, celebra-se hoje, 1 de Dezembro, 343 anos da proclamação da independência face a Espanha. Um dia passado em branco, que deixou de ser feriado para que se evitasse as pontes da função pública e não se perdesse produtividade nacional. Sr. primeiro ministro, cuja sabedoria é possível verificar no certificado de licenciatura que possui, considera mesmo que os jovens emigrantes, que conhecem agora novas realidades e novas políticas sociais, voltariam para um Portugal mergulhado numa «ditadura do literado»?


Experiências e estatísticas nas redes




Actualmente, os autores de blogs de opinião conjugam as suas mensagens publicadas com posts nas redes sociais. Além de chegar a um número maior de leitores, os interessados podem até comentar e dar as suas opiniões. Deste modo, apostei numa página de facebook para partilhar os conteúdos que vou escrevendo no meu blog. Pareceu-me interessante dar a conhecer algumas informações e pensamentos a um público que nem sempre partilha da mesma opinião. O debate de ideias é algo que me seduz. Parti, então, para um género de um debate para testar as funcionalidades da minha página, obter novos comentários e poder, ao mesmo tempo, analisar as reacções deste meu público no blog, perante o número de visualizações que fui recebendo com este pequeno teste.


Assim sendo, nos passados dias 21 e 22 de Novembro, coloquei uma série de questões na página de facebook do blog I Am Your Leader.

  • Questão 1: Merkel vai estabelecer ordenado mínimo na Alemanha. Fala-se num montante, ainda não oficial, de 8.50€ à hora. O que pensa sobre isto? 
  • Questão 2: O Google Maps é um serviço de pesquisa que permite o acesso a imagens de satélite de todo o planeta via web. Como utilizador, quais são os pontos positivos e/ou negativos deste serviço?
  • Questão 3: O governo português quer proibir o consumo de tabaco em todos os estabelecimentos públicos. Qual é a sua opinião sobre esta medida?
  • Questão 4: O Natal está a chegar, mas a crise mantém-se. Na sua opinião, como podem os portugueses contornar as dificuldades económicas na época natalícia?
  • Questão 5: A igualdade de tratamento no local de trabalho é um direito de todos os trabalhadores. Embora situações de discriminação (quanto à idade, sexo, orientação sexual, estado civil, raça, religião, convicção ideológica, ...) aconteçam diariamente, a maior parte não chega a ser denunciada. Directa ou indirectamente, as práticas discriminatórias são puníveis por lei. Na sua opinião, considera Portugal como um país que zela pela igualdade de tratamento?
  • Questão 6: No desporto profissional, a decisão final de uma situação polémica em campo cabe sempre ao árbitro principal e seus assistentes. Porém, muitos são os casos em que a posição da arbitragem não permite visualizar o lance em pormenor. Considera que as imagens televisivas deveriam ser utilizadas para anular decisões erróneas?

As perguntas, conforme podem confirmar, tiveram como base questões da actualidade.


A reter desta experiência: O resultado foi positivo. Embora não tenha tido muita afluência de comentários, as questões acima mencionadas obtiveram um nível elevadíssimo de visualizações. O facto das visualizações não se terem convertido em "vontade de opinar" já consiste num outro patamar que devo analisar e saber dominar melhor para a próxima iniciativa.