A emigração não é um fenómeno novo, mas nunca ouvimos falar tanto nesta questão como nos últimos anos. Entre os vários motivos que levam cidadãos de todos os cantos do mundo a deixarem o seu país, são as questões económicas e profissionais aquelas que predominam e caracterizam a vaga actual.
No estrangeiro, os "estrangeiros" são os nativos e os que vêm de fora são então os estrangeiros - os emigrantes. Locais onde se verifica maior aglomeração deste fenómeno são alvo de povoação do mesmo, ou nos seus arredores. E com isto se formam as comunidades emigrantes, gente do mesmo povo, com uma mesma cultura e tradição, que se reúne para habitar ou trabalhar naquele local.
Na hora de contratar, ser estrangeiro por vezes é um requisito ou condição bastante inquietante. A necessidade de mão-de-obra pelo patronato demonstra a falta de pessoal (com ou sem qualificações) em determinado sector laboral. Assim, as empresas procuram agências de trabalho temporário para lhes fornecer a mão-de-obra necessária e, claro, mais barata. Estas por sua vez, recrutam o pessoal estrangeiro, que se encontra previamente inscrito nas suas listas.
Entre tantas comunidades, a portuguesa distingue-se de todas as outras. Entre mitos e verdades, como é visto o português no estrangeiro na hora de contratar?
Do 8 ao 80, existem os que nos adoram e os que nos detestam. Nada de intermédio, pois somos diferentes demais para passarmos despercebidos. Os portugueses são vistos como o povo mais trabalhador da Europa, assim como o mais inteligente e astuto. Venham de lá os outros "estrangeiros", pois enquanto eles estão a começar já os portugueses terminaram. A rapidez, perfeição e técnica do português não se compara, e ai daquele que comparar, pois o português não admite tal coisa. Aliás, o português é um trabalhador tão perfeito que prefere realizar as tarefas sozinho para que outros não lhe venham estragar todo o trabalho realizado. Mas se trabalha em grupo, e não distingue o que é o local de trabalho do café da esquina, quando dá por isso está dentro de uma embrulhada, que nada tem a ver com o trabalho, mas que afecta as relações profissionais no dia-a-dia. É que o português tem a mania de falar demais e os patrões estrangeiros não gostam de maus ambientes no trabalho, nem tão pouco de ter que parar o trabalho de toda a equipa para desfazer um mal-entendido ou separar uma luta. Ainda que o português seja aquele mais falta faz na equipa, que mais produção realiza, que mais inovação trás à empresa, isso pode não significar nada.
Então, na hora de contratar, as empresas vão analisar quais são os factos que pesam mais na balança. E dependendo da capacidade de avaliação do recrutante, a grande benesse da dúvida irá perpetuar apenas uma coisa: a reputação do português como um ambicioso e excelente trabalhador, que fará a empresa progredir, ou o estigma do português como um colega intriguista e egocêntrico, que põe em causa a integridade e bom funcionamento da empresa.